sábado, 23 de junho de 2012

Etíopes e israelitas miscigenaram-se há 3 mil anos


A rainha de Sabá e o rei Salomão

Estudo genético dá consistência a tradição que fala da ligação entre a rainha de Sabá e o rei Salomão. O património genético dos etíopes encontra-se entre o mais diversificado do mundo e dá pistas para a história da diáspora do ser humano.

Num amplo estudo agora publicado no «American Journal of Human Genetics» revela-se que os genomas de algumas populações etíopes têm grandes semelhanças com os de algumas populações de Israel e da Síria.

Esta ligação genética dá ênfase à tradição etíope, segundo a qual a rainha de Sabá (um reino do qual faziam parte, pensa-se, a região da Etiópia e do Iémen) terá tido um filho do Rei Salomão, de Israel. 

Filho esse que veio a ser o primeiro imperador da chamada Dinastia Etíope. Esta será a lenda por detrás da miscigenação agora confirmada.

A equipa de investigadores detectou miscigenação entre algumas populações etíopes e outras não africanas, datada de há 3 mil anos.

A origem e a datação da mistura genómica, juntamente com estudos linguísticos, é consistente com a tradição registada no livro «Kebra Nagast» (Livro dos Reis, do século XIII), onde se conta o encontro entre Makeba, a rainha de Sabá, e o Rei Salomão de Israel. 

A Etiópia é um dos países mais antigos do mundo e situa-se no Corno da África. É apontado, muitas vezes, como uma das principais portas de saída da África. É nesta região que se encontra o maior registo fóssil da história humana.

A partir da sua localização geográfica é lógico pensar que a migração para fora da África (do homem moderno) que aconteceu há 60 mil anos começou nesse território. Mas até agora, pouco se sabia sobre a população que habita o nordeste africano em termos genómicos.

“Este é o primeiro estudo nesse âmbito de um painel representativo de populações etíopes”, explica Luca Pagani, primeiro autor do artigo, do Wellcome Trust Sanger Institute, da Universidade de Cambridge.

“Queremos comparar o genoma dos etíopes com o de outros africanos para fornecer as peças fundamentais que resolverão o quebra-cabeças que é a história genética mundial”.

O genoma etíope não é, assim, tão antigo como se pensava. É mais recente do que o de outras populações africanas e, entre 40 a 50 por cento, está mais próximo dos genomas de populações de fora da África (como Israel ou Síria) do que dos vizinhos do Iémen ou da Península Arábica.

Estudos prévios sobre o amárico, língua oficial da Etiópia de origem semítica, distinguiu-se deste grupo também por volta da mesma época em que terá havido a mistura genética.


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