sábado, 30 de junho de 2012

Resolvido o mistério histórico de Palmira


Palmira tornou-se parte da província romana da Síria durante o reinado de Tibério (14 d.C - 37 d.C.). A cidade continuou a desenvolver-se e a ganhar importância até que se tornou uma cidade livre, sob o império de Adriano, em 129. 

Nesta altura Palmira era o ponto mais importante da rota do comércio que ligava o leste e o oeste, situando-se aproximadamente a meio da distância que vai do Mar Mediterrâneo até ao rio Eufrates. 

Por esse motivo tornou-a num ponto de paragem obrigatório para muitas das caravanas que seguiam esta rota comercial, chegando a atingir uma população de 100.000 habitantes.

Contudo, a sua história sempre esteve envolta em algum mistério: o que estava uma cidade deste tamanho a fazer no meio do deserto? 

Como podia tanta gente viver num lugar tão inóspito há cerca de 2000 anos? De onde vinha o alimento para toda aquela gente? E porque passava uma importante rota comercial pelo coração do deserto?

Investigadores noruegueses estabeleceram um protocolo de colaboração com os seus colegas arqueólogos sírios e durante quatro anos trabalharam para dar respostas a estas questões. 

"Os nossos resultados vieram enriquecer o conhecimento da história da cidade antiga de Palmira", refere o gestor de projeto Jørgen Christian Meyer, professor da Universidade de Bergen.

O projeto recebeu um financiamento superior a 9 milhões de coroas norueguesas do Conselho de Investigação da Noruega, uma entidade que financia projetos independentes de investigação arqueológica.

Investigação utilizou métodos arqueológicos modernos 

Os arqueólogos coordenados por Bergen abordaram o problema a partir de um novo ângulo. Em vez de examinarem a própria cidade, estudaram o território situado a norte. 

Juntamente com os seus colegas sírios do Museu de Palmira e auxiliados por fotos de satélite, realizaram a catalogação de um grande número de antigos vestígios ainda presentes e visíveis na superfície da terra.

"Dessa forma", explica o professor Meyer, "fomos capazes de formar uma imagem mais abrangente do que ocorreu dentro de um território maior onde se situava a antiga urbe." 

A equipa detectou um grande número de assentamentos romanos que polarizavam todo aquele território. Mas o que contribuiu de forma inequívoca para resolver o enigma de Palmira foi a descoberta dos reservatórios de água que estas aldeias haviam utilizado.

Afinal Palmira não estava no meio do deserto 

O professor Meyer e os seus colegas logo se aperceberam que o que eles estavam a estudar não era um deserto, mas sim uma estepe árida, com cisternas de acumulação de água subterrâneas que aproveitavam a chuva e a guardavam debaixo do solo.

A água da chuva era assim acumulada em riachos e rios a que os árabes chamavam “Wadi”. Os arqueólogos recolheram evidências de que os moradores de Palmira e das aldeias vizinhas faziam uma rigorosa gestão da água da chuva a partir do uso de barragens e cisternas.

Isto permitiu que as aldeias estruturassem toda a sua economia à volta da água, que permitia o regadio dos produtos agrícolas que abasteciam a cidade.

Rota de comércio seguro

Por outro lado a localização de Palmira, com o rio Eufrates a correr a norte, em muito contribuiu para gerar um espaço crucial nas rotas do comércio que existiam na altura. Os comerciantes encontraram na cidade o local ideal para construir uma rede global de comércio seguro", diz o professor Jørgen Christian Meyer. "Isso explica a sua grande prosperidade na época", sublinha o investigador.

Terras aráveis são fundamentais em tempo de necessidade

A solução para o mistério de Palmira também nos pode ensinar alguma coisa sobre os problemas que hoje se vivem. Enquanto o mundo procura terra arável para alimentar os seus milhões de habitantes, podemos aprender a partir da experiência dos homens e das mulheres de Palmira.

Se eles foram capazes de cultivar o solo do deserto há quase 2000 anos atrás, certamente nós podemos fazer o mesmo com todas as ajudas disponíveis e com a tecnologia existente. 

“Às vezes uma enorme quantidade de chuva cai no deserto e qualquer pessoa pode ver como esse deserto fica verde depois dessa chuva. 

Os habitantes da região de Palmira devem-se ter apercebido do potencial deste tipo de terra que, como se sabe, cobre grandes áreas do nosso planeta. ", diz o professor Christian Meyer.


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