Maria de Fátima foi morta à facada. O corpo foi retirado da casa em Lações pelos bombeiros. A filha, Paula está revoltada
Álvaro Gaspar, 41 anos, e Maria de Fátima Ramos, 50, passeavam de mão dada e tratavam-se por "amor". Em casa, ele batia-lhe diariamente. Ela calava-se.
Ontem de madrugada, em mais uma discussão por ciúmes, Álvaro pegou na faca de cozinha e matou-a com golpes no pescoço, virilhas e abdómen quando ela estava deitada na cama. Depois, tomou banho e foi aos bombeiros de Oliveira de Azeméis contar que a tinha morto. Foi detido pela PJ e hoje é ouvido em tribunal. Maria é a 23ª vítima mortal de violência doméstica neste ano.
'Não esperávamos uma desgraça destas. Ela nunca me contou que ele lhe batia', diz ao CM Paula Ribeiro, de 27 anos, filha de Fátima – nasceu de uma relação anterior da vítima. Paula ainda não aceita o desfecho trágico. 'Queria que o cortassem aos bocados para ver o que é sofrer', diz revoltada.
O homicida já cumpriu cinco anos de cadeia. A vítima já tinha apresentado uma queixa por agressões do marido.
Maria de Fátima, funcionária numa empresa de calçado, chegou do trabalho perto das 23h00 e foi passear com Álvaro, com quem casou há cinco anos. Pelo caminho, começaram a discutir.
'Ele vinha aos gritos a perguntar se ela tinha medo dele', recordou ao CM uma vizinha do casal, que não quer ser identificada. Cerca das 02h15, os vizinhos ouviram mais barulho que o normal. 'Eram uns gritos abafados, como se ele lhe estivesse a tapar a boca. Mas como era habitual, pensei que fosse mais uma discussão', conta outra vizinha. Depois disso, o silêncio voltou à habitação. Quando a GNR chegou ao local, alertada pelos bombeiros, já depois das 05h00, encontrou Maria de Fátima morta, numa poça de sangue, com metade do corpo caído para fora da cama.
O homicida estava desempregado. 'Ele vivia às custas dela e passava o dia a jogar Playstation. Ela era muito carente e fazia tudo por ele', conta Madalena, filha de um ex-companheiro de Fátima.
VIOLENTO E JÁ CUMPRIU CINCO ANOS DE CADEIA
Álvaro Gaspar é conhecido na vizinhança por ser um homem violento. Já esteve preso por cinco anos e até há cerca de dois meses estava em prisão domiciliária por posse ilegal de arma branca. Fátima já tinha apresentado queixa às autoridades por agressões físicas. 'Uma vez ligaram-me da polícia para ver se a minha mãe podia ficar comigo, mas eu pensava que tinha sido só dessa vez', diz a filha, Paula.
'Ele ameaçava toda a gente. É um monstro', conta uma vizinha. 'Dizia que não se importava de voltar para a cadeia. Uma vez deu--lhe muitos pontapés na cabeça, aqui no pátio, mas meia hora depois saíram como se nada fosse', contou.
Após matar a mulher, Álvaro mudou de roupa e foi ao quartel dos bombeiros dar conta do crime. Queria que mandassem uma ambulância a casa do casal.
DETIDO POR AGREDIR E TER ARMAS ILEGAIS
Farta das agressões, Ana Máximo apresentou queixa contra o companheiro, Armando, de 39 anos, e pai dos filhos de 4 e 16, depois de ter ido parar anteontem às Urgências do Hospital de Macedo de Cavaleiros. Quando a GNR fez ontem uma busca à casa do casal, deteve o homem, que tinha três armas de fogo ilegais. Na aldeia de Grijó, todos conheciam os episódios de violência. Apenas a mãe do agressor o defendeu: 'Nunca soube que lhe batesse, além disso ele devia gostar dela porque já estão juntos há tantos anos', disse ao CM Raquel Angelina, 68 anos. O detido foi ontem presente a tribunal.
fonte: Correio da Manhã
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