sábado, 28 de agosto de 2010

Portugueses terão criado notícia sobre restaurante canibal


Vários meios de comunicação, incluindo de Portugal, deram a informação, mas jornal brasileiro revela que, afinal, era tudo mentira

"Prove comida wari e doe alguma parte do seu corpo para ser cozinhada neste restaurante". É um apelo estranho e que chocou Berlim quando surgiu a notícia de que um restaurante no Brasil que servia carne humana queria abrir uma filial na cidade alemã e pedia para as pessoas... contribuírem com alguns "ingredientes".

A informação foi recebida com estupefacção e revolta em Berlim, ganhando proporção mundial, com jornais muitos prestigiados e agências de informação da Alemanha, Inglaterra, Brasil e também de Portugal, a divulgarem a notícia. Afinal, era mentira.

O embuste foi desmascarado por um site brasileiro que lança a suspeita de que os autores da falsa notícia são portugueses. No editorial do Opera Mundi pode-se ler que a ideia terá sido uma vingança "das piadas contra os seus patrícios" e que "resolveram armar pegadinha contra os brasileiros".

O sociólogo José Barreiros alerta que, hoje em dia, "a informação antes de ser confirmada já tem valor". "A difusão acelerada [através da Internet] trouxe vantagens e inconvenientes.", explica José Barreiros, justificando que se, por um lado, pode haver mais possibilidades de confirmar a informação, por outro, foram criados mais problemas: "Não é novo que exista quem divulgue notícias falsas, a diferença é que agora qualquer um o pode fazer, dada a facilidade de meios."

Brincadeira ou não, os autores do restaurante de canibalismo prepararam tudo ao pormenor. Foi criada uma página na Internet, feito um vídeo (que circula no YouTube) com uma entrevista com o alegado cozinheiro e dono do restaurante, Eduardo Amado. O Flimé anuncia que serve cozinha da cultura wari, um povo que já foi canibal da selva amazónica, em conjunto com receitas clássicas brasileiras. É ainda mostrada uma manifestação que seria na localidade de Guajara Mirim, na Amazónia ocidental, onde estaria localizado o restaurante. Apesar de existir um link para o Google Maps, a única informação que aparece é um número de telefone que pertence a uma agência bancária.

José Barreiros considera que um caso destes noticiado por tantos media "deve fazer despertar campainhas de alerta". "Os procedimentos [de confirmação] internos das redacções devem ser mais sofisticados. Tem de haver prudência, principalmente em casos exóticos. Mas acredito que vai acontecer mais vezes."


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