Uma equipa de investigadores portugueses do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP) colabora há mais de dez anos no desenvolvimento de um equipamento que será colocado na Estação Espacial Internacional (ISS, do acrónimo em inglês) em 2011.
Fernando Barão, investigador do LIP e docente do Instituto Superior Técnico, em Lisboa, explicou, em declarações à Lusa que, desde finais de 1997, uma equipa desta instituição participou directamente na concepção, construção e avaliação de desempenho de um equipamento, designado por detector de Cherenkov, que se destina a medir a velocidade das partículas que o atravessam.
Este detector está integrado no espectrómetro magnético Alpha (AMS-02), que vai ser instalado na Estação Espacial Internacional em 2011, com o objectivo de ajudar a compreender as origens do universo.
O também responsável pela equipa portuguesa envolvida neste projecto detalhou que os investigadores nacionais continuam envolvidos na experiência, agora na «fase de recolha de dados e análise desses resultados».
O espectrómetro magnético Alpha (AMS-02) é uma experiência de física de partículas que agrega 56 institutos de 16 países de três continentes (América do Norte, Europa e Ásia), cujo objectivo é detectar raios cósmicos.
Identificados há 99 anos (em 2011 assinala-se o centenário da sua descoberta pelo físico austríaco Victor Hess), os raios cósmicos transportam um conjunto de partículas que apenas são acessíveis, no seu estado original, no espaço.
«Esta radiação, quando chega à Terra interage» com a atmosfera terrestre e «de alguma maneira desintegra-se», explicou Fernando Barão.
Por isso, adiantou, um detector colocado no espaço permite, ao ser atravessado por várias partículas, identificar as suas características, o que «poderá ser muito importante para lançar luz sobre algumas questões fundamentais da física actual, como é, por exemplo, a matéria escura», matéria não detectável cuja presença é inferida pelo seu efeito gravitacional e que se pressupõe que seja dominante na constituição do Universo.
Fernando Brandão acrescentou que a velocidade a que movem estas partículas, no espaço, torna impossível a sua reprodução na Terra.
«O maior acelerador é o Universo. Há partículas que atravessam o cosmos com energias tais que não se conseguem obter» em Terra, explicitou o investigador, aludindo ao Large Hadron Collider (LHC), o maior acelerador de partículas do mundo, localizado no CERN (Laboratório Europeu de Física de Partículas) e que, desde Março, procura recriar a origem do Universo.
O espectrómetro magnético Alpha (AMS-02) é transportado esta quinta-feira da Agência Espacial Europeia para o Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral (Florida, EUA), onde permanecerá até ao lançamento, que terá lugar no próximo ano, informou a NASA.
fonte: IOL Diário
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