quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Mais cinco tartarugas mortas deram à costa no Algarve


Na véspera, foram detectados dez animais mortos. Infecções virais, hélices de barcos ou a pesca são causas de morte.

Enquanto Antonieta Nunes, técnica do Zoomarine, tentava recolher indícios que justificassem a morte de mais uma tartaruga-marinha, ontem, em Armação de Pêra, já o telemóvel tocava para que seguisse até Vila Real de Santo António. "Tem sido assim nos últimos dias." Desabafava, referindo-se ao número anormal daqueles répteis que têm chegado mortos à costa algarvia.

De 29 de Julho a 1 de Agosto, foram recolhidas pelo menos dez tartarugas já sem vida, tantas quantas as que o Zoomarine recebeu durante um ano. E ainda podem ser mais os animais atingidos porque " nós não temos conhecimento de todas, podem ter dado à costa mais do dobro dos casos" admite Élio Vicente, biólogo do Zoomarine. Ontem foram mais cinco.

Sete das tartarugas, conhecidas como bobas ou comuns, pertencem à espécie Caretta caretta, habituadas às nossas águas, e duas são tartarugas-de-couro, as maiores do mundo. "São animais que facilmente chegam aos 200 kg de peso", adianta Elio Vicente, explicando ainda que alguns dos exemplares foram resgatados para análise. "Queremos entender este fenómeno que está a tomar pro- porções assustadoras", desabafou o biólogo.

As explicações ainda não foram encontradas, mas as marcas de hélices cravadas no corpo de dois exemplares, uma com o pescoço partido e outra com as barbatanas traseiras bastante lesionadas, indiciam que os animais foram atropelados por embarcações.

Segundo o biólogo, normalmente quem encontra animais arrojados na costa não comunica o sucedido às autoridades, atitude importante tanto para a manutenção da saúde pública como para prevenir mais mortes.

"Por detrás destes incidentes pode estar uma causa colectiva e é importante recolher toda a informação possível para analisar a causa da morte", afirma, sublinhando poder tratar-se de uma epidemia viral ou bacteriana, por exemplo. Outras causas frequentes são os acidentes envolvendo artes de pesca, hélices de barcos ou embates com motas de água, diz Élio Vicente, alertando para que quem encontrar estes animais tenha o cuidado de não lhes tocar. Fonte da Autoridade Marítima do Sul reiterou à Lusa que todas estas ocorrências devem ser comunicadas às autoridades, que "sabem o que hão-de fazer" e se responsabilizarão pela remoção dos animais. O Zoomarine é um parque oceanográfico situado no Algarve que possui um Porto d'Abrigo para onde podem ser conduzidos animais feridos.


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