segunda-feira, 26 de julho de 2010

Detectado caso de febre do Nilo


Doente infectado com vírus levou DGS a pedir aos médicos para estarem atentos a novos casos.

A Direcção-Geral da Saúde (DGS) está a investigar um caso de infecção pelo vírus do Nilo Ocidental, na região de Lisboa. O doente terá sido infectado em Portugal, por isso a autoridade de saúde pede a todos os médicos que estejam alerta à possibilidade de surgirem novos casos.

A infecção, transmitida por mosquitos, é muito rara, havendo apenas registo de dois casos no País, em 2004. E se na maioria das situações não há sequer sintomas, o vírus pode causar encefalite e meningite.

"É uma situação isolada, que estamos a estudar. Já estamos a fazer um inquérito epidemiológico ao doente, e pelas informações que temos, a pessoa não viajou", explica o subdirector-geral da saúde, José Robalo. O responsável diz que o doente se encontra bem, sem adiantar mais pormenores, e garante que a DGS está atenta.

A doença é transmitida aos humanos através de mosquitos infectados com o vírus do Nilo Ocidental, que é comum em África. E não se transmite de pessoa para pessoa. "Os mosquitos são infectados quando picam aves com o vírus. Provavelmente, aves migratórias que vêm de zonas onde existe a doença e que passam por Portugal nesta altura", explica o médico.

A DG já está a aplicar no terreno "medidas para controlo e vigilância ambientais" na área de residência do doente. A prioridade é identificar e eliminar os "criadouros de mosquitos", diz José Robalo. Ou seja, locais com água estagnada, onde há proliferação de larvas dos insectos. E o calor que tem feito nos últimos dias ajuda a criar condições para esta multiplicação.

Está também a decorrer um programa a nível nacional de colheitas de mosquitos, para se verificar se estão infectados ou não pelo vírus. Apesar destas precauções, o subdirector-geral da Saúde considera que não há razões para alarme e que o risco de se ser infectado por este vírus é muito baixo.

Além disso, salienta, em 80% dos casos as pessoas não têm sequer sintomas. No restante, os doentes têm reacções semelhantes às da gripe: febre alta, dores na cabeça e no corpo, náuseas, com a particularidade de poderem apresentar manchas no corpo.

Estima-se que em menos de 1% dos casos (cerca de um em cada 150), a doença pode evoluir para uma inflamação cerebral (encefalite ou meningite).

Dois casos em 2004

Uma das preocupações das autoridades de saúde em casos de doenças muito raras, como esta, é que não sejam detectadas. Daí o alerta de saúde pública emitido na sexta-feira. O responsável da DGS lembra que Portugal não tinha casos registados desde 2004, quando dois turistas irlandeses - um homem de 54 anos e uma mulher de 51 anos - adoeceram no Algarve, também nesta altura do ano.

O vírus do Nilo Ocidental foi identificado pela primeira vez em 1937, no Uganda, e é habitual em Àfrica. No final do século passado, começou a apareceu nos EUA. É pouco comum na Europa.

"Quando encontramos um caso, o que fazemos é alertar os profissionais para estarem atentos, particularmente em pessoas muito picadas". E para evitar picadas, em áreas povoadas por insectos, o responsável aconselha o uso de repelente e de roupa adequada.


Sem comentários:

Enviar um comentário