A procura de exoplanetas é um dos temas quentes da Astronomia
A primeira edição do prémio internacional de Astronomia Viktor Ambartsumian foi para o astrónomo Nuno Santos e mais dois colegas estrangeiros pela investigação feita em planetas fora do sistema solar. O galardão criado pelo Presidente da Arménia tem um valor de 500 mil dólares, cerca de 387 mil euros.
“Estou surpreendido porque é uma coisa fora do habitual, embora tenha consciência que o trabalho mereça isto”, disse ao PÚBLICO Nuno Santos, investigador do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto (CAUP), onde trabalha desde 2007. “O prémio é pelo acumular de resultados dos últimos dez anos”, refere o investigador de 36 anos que já entrou em contacto com os outros dois vencedores, o suíço Michel Mayor, que identificou o primeiro exoplaneta em 1995, e o arménio Garik Israelian. “Estão contentes, são boas notícias para toda a equipa e para a astronomia”, referiu.
O prémio foi criado em 2009 e é bianual. Houve 14 equipas e cientistas nomeados para este ano. Mas foi a investigação que a equipa fez para se compreender as características e a forma como são criados os sistemas planetários que ganhou a corrida. Só em Outubro passado o grupo de investigação do Porto anunciou ter encontrado 32 exoplanetas, hoje conhecem-se mais de 460.
“A procura de exoplanetas é provavelmente um dos temas mais quentes na Astronomia. Nesse sentido é pouco surpreendente que o prémio tenha vindo para esta área, é uma área que tem tido muito impacto”, explicou o investigador, referindo que a há muitas equipas à procura de planetas iguais à Terra capazes de serem habitados.
“Arrisco-me a dizer que nos próximos cinco ou seis anos descobrimos [um planeta igual à Terra]”, prevê o cientista, explicando que o ritmo da investigação é muito alto. “O desenvolvimento do Espresso será o passo final para conseguirmos esse objectivo.”
O Espresso é um espectrógrafo de alta resolução e vai custar 10 milhões de euros. Portugal, é um dos quatro países responsáveis pelo projecto. O instrumento irá procurar exoplanetas rochosos como a Terra com uma resolução dez vezes maior do que a que existe hoje e vai ser instalado junto do VLT (Very Large Telescope) do ESO (Observatório Europeu do Sul), no Chile, em 2014. Neste momento o projecto está na fase de desenho dos instrumentos, para que depois possam ser fabricados. Ao mesmo tempo estão a ser escolhidas as estrelas que irão ser estudadas.
Nuno Santos já tinha ganho em 2009 a bolsa europeia do European Reasearch Council (ERC) ERC Starting Grant 2009 no valor de quase um milhão de euros para a sua investigação. Com o novo prémio, que é individual e dividido pelos três cientistas, diz “continuar a apostar na astronomia”. O investigador é professor na Universidade do Porto e defende que a Astronomia em Portugal está a crescer bem e recomenda-se. O galardão “mostra que Portugal consegue criar pessoas capazes de ganhar prémios como este”.
fonte: Público
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