Calor vai manter-se em Portugal pelo menos até quinta-feira. Registo global mostra que este é o ano mais quente desde 1880.
As temperaturas acima dos 30 graus, como as que se registaram ontem em Portugal, têm sido uma constante nos últimos meses. De tal forma que os cientistas acreditam que 2010 pode ser o ano mais quente desde que há registo. Dados globais mostram que desde Janeiro se têm verificado as temperaturas mais elevadas desde 1880. Por cá, o calor elevado vai manter--se pelo menos até quinta-feira.
O mês de Junho foi mesmo o mais quente desde que há registo, e há 304 meses que as temperaturas globais estão acima da média do século xx, segundo avança Ahira Sánchez-Lugo, investigadora da Administração Nacional para a Atmosfera e Oceanos (NOAA), dos EUA, citada pelo jornal El Mundo. Os resultados da NOAA mostram também que, desde Janeiro até Junho, 2010 já bateu todos os recordes registados em 1998 e que pode, assim, tornar-se no ano mais quente de que há registo, sublinha a responsável pela análise dos dados globais de temperatura.
Em Portugal, o Instituto de Meteorologia (IM) prefere ser mais cauteloso. E embora reconheça ao DN que os últimos dois dias registaram "valores mais altos do que o valor da temperatura normal diária em grande parte das estações meteorológicas", lembra que esta situação é "normal de ocorrer em Portugal continental".
Lisboa, Beja e Évora passaram ontem os 40 graus centígrados. E, destas, apenas Lisboa desce hoje para os 35 graus. O resto do País vai estar muito próximo dos 40 graus. Ainda assim, o IM recorda que estes valores "não ultrapassaram os anteriores máximos para o mês de Julho, já tendo ocorrido no passado situações semelhantes, como em 2003 e em 2005".
Mesmo sem bater recordes, os relatórios do IM dos meses de Maio e Junho referem que as temperaturas estiveram acima do normal. Em Maio, "ocorreram valores muito elevados da temperatura do ar, o que contribuiu para que no final do mês o número de dias com temperatura superior ou igual a 25 graus e a 30 graus tenha sido superior ao valor normal", pode ler-se.
Também no mês passado, "Portugal continental foi caracterizado por valores de temperatura máxima, mínima e média do ar acima do valor normal", indica o boletim climatológico mensal do IM. Neste mês, as temperaturas máximas tiveram um aumento de oito graus.
O calor que se tem feito sentir nos últimos dias resulta de "uma corrente de Leste que transporta uma massa de ar quente e seco". O IM explica ainda que se "prevê a continuação do tempo quente, até, pelo menos, quinta-feira".
À semelhança de Portugal, as altas temperaturas estão a afectar muitos outros países. Entre os quais a Rússia, que já bateu todos os recordes de temperaturas máximas. Mas se estes picos de calor apanham as populações de surpresa, o mesmo não se pode dizer dos cientistas. "As previsões indicam que os impactos das mudanças climáticas aumentaram em muitos lugares e que os fenómenos extremos serão cada vez mais frequentes", explica Ahira Sánchez-Lugo.
Zyryanka, na Sibéria, encaixa nesta previsão. Aqui os termómetros nunca passavam dos 20 graus, mas este ano já chegaram aos 37,4. Esta é tradicionalmente a região habitada mais fria do mundo.
No mês passado, as temperaturas máximas tiveram um aumento de oito graus em relação ao valor normal registado entre 1971 e 2000, enquanto a temperatura mínima aumentou seis graus. Como mostra o mapa da direita, a maioria do território nacional teve mais de 20 dias com temperaturas máximas superiores a 25 graus. Ainda que os aumentos sejam mais significativos, também em 2009 o Instituto de Meteorologia fez referência ao aumento dos valores médios da temperatura do ar (mapa da esquerda). Mas aqui as variações foram apenas de mais 1,5 graus nas temperaturas máximas, e de 1,4 nas mínimas. No entanto, houve duas ondas de calor e registou-se um elevado número de dias com temperatura máxima superior a 25 graus (em dias de Verão) e a 30 graus (nos dias muito quentes).
fonte: DN
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