Depois de notificado um caso de febre do Nilo, autoridades reforçaram a rede de vigilância. Ainda não foram identificados outros casos da doença, mas as análises não terminaram.
As autoridades de saúde pública reforçaram a investigação de doenças tropicais em mamíferos e mosquitos depois de ter sido notificado um caso de febre do Nilo em Portugal. O Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) "já realizou 22 análises a conjuntos de mosquitos na zona onde a pessoa foi infectada e a Direcção-Geral de Veterinária vai começar a investigar mamíferos e aves selvagens para verificar se há mais infecções", disse ao DN José Robalo, subdirector-geral da saúde.
Peritos nas áreas do ambiente e saúde têm alertado para a possibilidade de países mais frios poderem vir a registar casos de doenças tropicais na sequência do aquecimento global. Não sendo este o único factor para a migração de doenças, é uma preocupação que se levanta nos países mediterrânicos como Portugal.
Mal o caso foi comunicado, as autoridades começaram a a fazer um inquérito ao doente e fizeram análises aos familiares para ver se também teriam sido picadas por mosquitos infectados. "À partida, todas as análises são negativas. Mesmo neste primeiro caso ainda falta um resultado para termos a certeza da infecção, mas a suspeição é enorme", alerta.
Neste primeiros dias, o INSA "já testou 22 grupos de mosquitos, que foram macerados para se pesquisar se havia vírus. Demos obviamente prioridade ao vírus em questão, mas também pesquisados outros vírus habitualmente transmitidos por este tipo de insectos. No entanto, até agora, nunca detectámos qualquer caso".
Ao que tudo indica, nesta primeira análise não foi identificado qualquer vírus. O aumento da vigilância, que implicou a montagem de mais armadilhas nas zonas onde esta família circulava, vai manter-se "até se perceber se há ou não algum risco para a saúde pública".
Ontem houve nova reunião para fazer um ponto da situação. O mesmo responsável da DGS explicou ao DN que há uma equipa vasta envolvida neste projecto. "A Direcção-Geral de Veterinária vai começar agora a investigar se há animais infectados naquela região ou se têm defesas. É o caso dos cavalos e das aves selvagens". Os mosquitos também tendem a picar muito os cavalos. Tal como acontece com o homem, não transmitem a infecção porque o vírus apenas se aguenta no seu organismo muito pouco tempo, ao contrário do que acontece com as aves (ver caixa em baixo).
A DGS e o INSA tiveram de informar as autoridades europeias perante o risco de este vírus estar em circulação. Os médicos também foram informados para não excluírem o diagnóstico perante sintomas suspeitos.
Grande parte dos casos de infecção nem sequer registam sintomas. Mas se 80% se enquadram nesta categoria - que dificulta o diagnóstico de outros dada a sua escassez - 20% têm sintomas semelhantes à gripe. Judite Catarino, também perita da DGS, explica que o problema desta doença é que "pode tornar-se muito grave. Pode haver casos de febre hemorrágica e complicações neurológicas", como encefalites ou meningites, que têm sintomas como rigidez ou desorientação.
Este foi o primeiro caso notificado em Portugal desde 2004, ano em que foram identificados dois de turistas irlandeses no Algarve.
José Robalo refere que aqueles não foram importados, "mas envolveram duas pessoas que habitualmente observavam pássaros, os principais reservatórios do vírus". Tal como os dois turistas, "a pessoa infectada agora foi massacrada com picadelas, o que facilita a transmissão da infecção".
O vírus terá sido transportado por aves infectadas que, no curso das suas migrações, passaram em Portugal. "Já em 2004, a infecção foi na mesma altura. O doente afectado, que está estável", teve sintomas moderados.
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