Ter vacas e bois sem cornos é o sonho de muitos criadores de carne ou produtores de leite
Uma empresa dos Estados Unidos conseguiu alterar o ADN de vacas em laboratório e criar dois vitelos que nunca terão cornos na vida. Parece ‘coisa do demo’ - apesar de haver outras raças que nunca os têm -, mas a inovação até pode ser positiva para a indústria de carne e leite, e para os próprios animais.
A inovação tem contornos positivos, uma vez que os cornos provocam acidentes todos os anos e a sua retirada traz sofrimento ao animal
Segundo uma notícia do New York Times (NYT), foi nas instalações da Recombinetics em Sioux Center, no estado norte-americano do Iowa, que os cientistas conseguiram alterar os genes de células bovinas para que ‘perdessem’ a predisposição para formar cornos. Essa alteração funciona até para as próximas gerações, tornando os dois vitelos machos num híbrido mais semelhente aos da raça Angus, uma das mais famosas do mundo e das poucas que não apresentam cornos naturalmente.
Esta notícia abre novamente a discussão em torno da “edição de embriões humanos”, lembra o diário norte-americano, mas também tem contornos positivos. Os cornos nas vacas e bois causam frequentemente acidentes com as pessoas que lidam com esses animais.
Causam também feridas noutros animais que acabam por desvalorizar depois a sua carne ou a sua pele. E os processos de corte desses apêndice, mesmo que feitos ainda na fase de vitelos, podem ser dolorosos e ter sequelas nos animais.
Agências internacionais como a PETA têm exigido o recurso a métodos alternativos, como a escolha de raças naturalmente sem cornos ou a seleção de animais sem os mesmos – numa tentativa de expandir a criação de mais exemplares sem cornos –, de forma a evitar esses processos. Isto porque muitas vezes recorre-se a alicates e outras ferramentas de corte para os retirar, e nem sempre é feita a cauterização da ferida.
A Recombinetics, segundo o jornal norte-americano, afirma também que já conseguiu no passado ‘editar’ raças de porcos para engordarem e crescerem com menos quantidade de ração, e raças bovinas brasileiras para terem músculos maiores. Outras empresas estão a tentar desenvolver galinhas cujos ovos produzam apenas galinhas, para gerar mais ovos, e vacas que tenham apenas bezerros machos, que crescem mais rápido do que as fêmeas.
Já os chineses estão a desenvolver cabras cujo pêlo é maior, para produzir caxemira, e porcos mais pequenos que possam servir de animais de estimação.
O NYT lembra ainda que foi aprovada na semana passada pelo governo federal norte-americano a utilização de uma nova raça de salmão, geneticamente modificada para crescer mais rapidamente. É a primeira vez no país que se autoriza uma mudança deste tipo num animal de consumo humano.
fonte: Sol
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