sábado, 8 de dezembro de 2012

Ahnenerbe: a seita nazi que queria destruir o Cristianismo


Símbolo da 'Ahnenerbe' Fotografia © DR

Oficialmente a 'Ahnenerbe' era uma organização criada para valorizar as tradições alemãs e procurar a origem da raça ariana. Na realidade, tratava-se de um grupo de estudo das ciências ocultas com um simples objetivo: destruir o Cristianismo e instaurar uma nova religião nazi na Alemanha.

No seu livro 'O enigma Nazi', o escritor José Lesta afirma que "a 1 de julho de 1935 foi criada a 'Ahnenerbe', ou 'Sociedade de estudos para a História Antiga do Espírito'". Na altura Hitler já tinha sido nomeado chanceler da Alemanha e o partido nazi dominava todo a política do país, diz o site do jornal espanhol 'ABC'.

Para enfrentar o mundo, Hitler sabia que seriam precisas várias coisas. Para vencer era necessária toda a ajuda possível, inclusive a paranormal, e, acima de tudo, era fulcral que a sociedade aceitasse o nazismo como uma crença inquestionável. Ambas as tarefas foram atribuídas à nova seita que se dedicou ao estudo do ocultismo e a implementar o ideal nazi junto da população.

Heinrich Himmler, comandante das SS (corpo militar de elite dedicado, entre outras coisas, à proteção de Hitler), foi o responsável pela criação da 'Ahnenerbe' e era um dos muitos obcecados com o ocultismo. "Himmler foi certamente o mais fanático crente no ocultismo, professando uma fé cega nas 'forças desconhecidas que nos rodeiam', afirma Lesta no seu livro, citado pelo 'ABC'.

"Uma vez no poder as temíveis SS assumiram a liderança. Um corpo de elite ou de monges guerreiros, como ele [Hitler] gostava de chamá-los, integrando os que formariam uma autêntica Ordem Negra que seguiria os preceitos do antigo paganismo germânico e os dogmas de fé no nazismo como crença religiosa", explica o escritor.

Ainda segundo Lesta, o primeiro departamento da organização foi criado diretamente por Wirth, prestando especial atenção ao "estudo do antigo alfabeto rúnico que tinha particular importância no simbolismo nazi". A prova do interesse pelo alfabeto foi a escolha de um símbolo rúnico, representando a vida, para a 'Ahnenerbe'.

"Os objetivos da sociedade eram fundamentalmente três: investigar o alcance territorial e o espírito da raça germânica, resgatar e restituir as tradições alemãs, e difundir a cultura tradicional alemã entre a população', diz Lesta, citado pelo 'ABC'. No entanto, por detrás destes objetivos haviam muitos mais. Ao longo dos tempos a seita foi-se desenvolvendo e integrando atividades mais diversificadas, como: as danças e canções tradicionais, folclore, lendas, geografia sagrada e inclusive ciências paranormais.

Entre as mais conhecidas encontrava-se a secção ocultista. "A secção esotérica estava a caro de Friedricj Hielscher e Wolfram Sievers", diz Lesta.

Entre as prioridades da 'Ahnenerbe' encontrava-se o fim do Cristianismo e a criação de uma religião própria do nazismo. "Um dos objetivos secretos do regime nazi era eliminar progressivamente a influência dos rituais católicos no povo alemão", escreve Lesta. Para isso, a organização contava com uma das figuras mais importantes e reconhecidas do ocultismo nazi, o "sumo sacerdote" Friedrich Hielscher. Apesar de serem poucas as informações sobre este mestre do paranormal, as investigações concordam que era temido por todos os oficiais alemães, tanto que, o chefe da Gestapo (polícia secreta alemã), era um dos seus devotos.

Para acabar então com o Cristianismo, Hielscher criou, através de Himmler, uma religião baseada no sangue e coragem dos soldados alemães. Os feriados cristãos foram sendo substituídos por outros mais próximos da tradição pagã alemã. O Natal, por exemplo, foi suprimido e, nesse dia, passou a ser comemorada a adoração do Sol. A Páscoa também desapareceu e tornou-se a festa 'Ostara' , que celebrava o inicio da primavera, lembrando a deusa da fertilidade.

A 'Ahnenerbe' também queria acabar com o casamento tradicional e substitui-lo por uma cerimónia criada pelos nazis. Segundo o escritor, uma das mais curiosas práticas desta seita era o uso de uma língua desconhecida quando realizavam orações.

Em 1942, a pedido de Himmler, a organização procedeu a experiências médicas em prisioneiros dos campos de concentração, tendo sido declarada organização criminosa em 1946. Wolfram Sievers, o último diretor da organização, foi enforcado em 1948 por crimes contra a humanidade.

Veja aqui o vídeo do julgamento de Sievers em 1946:



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