As Pedras Grandes são monumentos de relevância histórica. O lugar poderá colocar Senador Pompeu no mapa dos sítios pré-históricos. Está na rota feita pela tradicional Romaria das Almas FOTOS: ALEX PIMENTEL/ mara paula de araújo
O achado de monólitos fica no Sítio Pedras Grandes, na periferia da cidade, onde teria existido um templo.
Após quatro anos de pesquisas, o autodidata Valdecy Alves está anunciando uma descoberta avaliada como de rara relevância para a humanidade. Ele acredita ter encontrado no sertão de Senador Pompeu, no Cento do Estado, monumentos maravilhosos, mágicos, míticos e artísticos a um só tempo.
No local, também diz ter descoberto vários "dólmens". Para ele, esse conjunto de achados caracteriza a existência de um dos mais ricos sítios pré-históricos do Brasil e da América.
O estudioso acredita serem monumentos do período neolítico, de cerca de 8.000 anos antes de Cristo. Segundo explica, as descobertas podem ter entre 4.000 até 10.000 anos de existência. Porém, admite que a data mais precisa só poderá ser constatada a partir de testes com carbono-14.
O achado pré-histórico está situado no Sítio Pedras Grandes, uma propriedade situada na periferia da cidade. Fascinado por diferentes áreas do saber, da literatura à ciência, ele volta à sua adolescência, quando jogava futebol no sítio, para explicar sua descoberta. Naquela época, achava curiosas as formações rochosas do local. Acreditava tratar-se de formações naturais.
Mas, quando morou em São Paulo, na década de 1990, visitou uma rocha na cidade de Salto. A formação mineral é conhecida como "Moutonné", uma prova da era glacial e também da união do Brasil com a África. Após apreciar aquela formação, ele passou a acreditar que as pedras grandes tinham sido montadas, casualmente, pelo recuo de uma geleira na Era Glacial.
Experiências
Mas, como fazer tal afirmação, com segurança? Em 2011, Valdecy Alves esteve no Peru e visitou duas cidades sagradas antigas: Pisaq e Machu Picchu, ambas de pedra.
Nada havia observado de semelhante com o monumento natural de Senador Pompeu. Porém, no início deste ano, foi à Inglaterra visitar Stonehenge, um lugar sagrado feito de pedras, uma espécie de templo religioso e calendário astronómico com milhares de anos.
Pela primeira vez se deparava com o conceito de dólmens, túmulos pré-históricos formados por pedras, geralmente, por três, uma sobre duas, onde eram enterradas pessoas da Idade da Pedra.
Estudando os dólmens, pesquisando imagens dessas formações, no Oriente e na Europa, passou a acreditar que as pedras grandes de Senador Pompeu eram dólmens. Valdecy Alves é advogado, especializado em Direito Constitucional, poeta, dramaturgo e cineasta.
Ele confessa não ter formação académica em Arqueologia, Antropologia e nem em Paleontologia, mas se interessa por pesquisas nessas áreas. Para ele, as Pedras Grandes são de facto monumentos tumulares e de importância histórica universal.
Na opinião dele, a descoberta pode colocar Senador Pompeu como roteiro de sítios pré-históricos, patrimónios da humanidade.
Ele destaca a necessidade de preservação desse "tesouro", o qual projetará sua terra natal internacionalmente, passando a receber muitas visitas, de turistas e estudiosos.
O autodidata afirma ter localizado cinco dólmens na pequena propriedade - laudémio da Paróquia de Nossa Senhora das Dores - situada na periferia da cidade, no "Caminho das Almas da Barragem".
Além de um cemitério coletivo, ela acredita na existência de um templo, um local de grande importância para o povo que o criou, talvez um calendário astronómico também.
As Pedras Grandes, com dois gigantescos dólmens, têm a frente virada para o poente e a parte de trás para o nascente.
Os túmulos pequenos estão virados para o Norte e a mesa maior com maior abertura para o Sul. "Em torno dele, ao Norte, na parte ao nível do chão, há vários outros pequenos dólmens mais simples", acrescenta.
Esculturas
Outra descoberta são esculturas de animais no entorno das pedras grandes. De acordo com o descobridor, o povo que construiu o sítio histórico perdido no meio do Sertão Central não se contentou em fazer a tampa do dólmen, a pedra da mesa, mas obras de artes.
Dependendo do ângulo que se olha, o monumento rochoso forma uma enorme tartaruga, a cabeça de uma serpente, a escultura de um lagarto e também uma espécie de roedor.
Valdecy Alves aguarda a visita de arqueólogos no local. Sabe que, somente por meio de estudos de profissionais da área, será possível confirmar suas hipóteses.
"Com o aprofundamento das pesquisas e atividades de campo, as equipas poderão encontrar outros rastos e provas de atividades humanas no período pré-histórico e, talvez, descobrir civilizações desconhecidas, como na Europa, onde há dólmens nas zonas costeiras do Mediterrâneo e do Atlântico e também no litoral do Mar do Norte e do Mar Báltico", diz.
Há também monumentos megalíticos semelhantes no Norte de África, na Síria, na Pérsia e na Índia. Na Península Ibérica, também é onde se encontram dólmens em maior número.
Nas suas pesquisas, Valdecy Alves tomou conhecimento da existência de restos de esqueletos, vários objetos em pedra, cerâmica, osso, armas e utensílios, como machados de pedra polida, pontas de seta, micrólitos, vasos campaniformes e outras provas materiais nas câmaras mortuárias dolménicas.
No Brasil, mais precisamente na Bahia, há um dólmen na cidade de Paramirim, a 15km de Santana, conhecido como Pedra de Santana, e outro em Goiás, na cidade de Anicuns, a 74km da capital Goiânia. "Agora, é a vez de Senador Pompeu entrar no mapa", aposta o investigador.
FIQUE POR DENTRO
Arte e misticismo são marcas dos monumentos
Os dólmens são monumentos megalíticos tumulares coletivos, datados desde o fim do quinto milénio antes de Cristo (a.C.) até ao fim do terceiro milénio a.C., na Europa, e até ao primeiro milénio no Extremo Oriente. O nome deriva do Bretão dol = mesa e men = pedra. Também são conhecidos por antas, orcas, arcas, e, menos vulgarmente, por palas.
Popularmente, essas estruturas antigas são também por vezes designadas por casas de mouros, fornos de mouros ou pias. Caracterizam-se por terem uma câmara de forma poligonal ou circular utilizada como espaço sepulcral.
A câmara dolménica era construída com grandes pedras verticais que sustentam uma grande laje horizontal de cobertura. As grandes pedras em posição vertical, denominadas esteios ou ortóstatos, são em número variável entre seis e nove.
A laje horizontal do dólmen é designada de chapéu, mesa ou tampa. Existem câmaras dolménicas que chegam a ter a altura de seis metros. Quando a superfície da câmara dolménica não supera o metro quadrado, considera-se que é um monumento megalítico denominado cista, de acordo com os estudiosos.
fonte: Diário do Nordeste
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