As fêmeas dos peixes guppy têm mais filhos e mais coloridos quando se reproduzem com vários machos, pois o corpo "escolhe" o mais compatível, característica que pode aplicar-se na melhoria da aquicultura, concluiu um investigador português.
Miguel Barbosa, investigador do Scottish Oceans Institute (Instituto Escocês dos Oceanos) da Universidade de St. Andrews, na Escócia, explicou à agência Lusa que se "pensava que um macho era suficiente para a fêmea ter os ovos todos fertilizados e que não havia qualquer razão para uma fêmea procurar um segundo ou terceiro macho".
As fêmeas que se reproduzem com vários machos produzem bebés mais coloridos e em maior número, ou seja, "67% mais bebés do que uma mãe guppy que tenha só um macho", referiu.
No decorrer do trabalho do seu grupo de cientistas, conclui-se que "a fêmea que se reproduz com vários machos tem ao dispor diferentes tipos de esperma e o melhor vai fertilizar os ovos".
Essa escolha "decorre dentro do corpo da fêmea, depois de haver a reprodução", especificou Miguel Barbosa.
A característica de qualidade do guppy pai passa para os filhos e fica também aberta a hipótese de evitar a incompatibilidade genética entre os progenitores.
O investigador defendeu que "uma boa aplicabilidade [deste conhecimento] é nas aquaculturas", onde há o problema da consanguinidade dos peixes, que se reproduzem entre si.
Na reprodução entre elementos muito familiares as probabilidades de não gerarem bebés saudáveis é enorme, frisou.
Assim, "pode ser feita inseminação artificial com esperma de vários machos e combate-se a probabilidade de o esperma de um só macho ser incompatível com as características genéticas da fêmea", sugeriu.
Como resultado, as unidades de produção de peixe em cativeiro obtinham "mais peixe e de mais qualidade", por exemplo, no que respeita a textura da carne, concluiu o investigador.
E Miguel Barbosa vai um pouco mais longe ao dizer que, se se souber qual a melhor compatibilidade genética para a fêmea, é possível encontrar o "macho perfeito" e maximizar a produção.
fonte: Os Bichos
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