Células de linfoma, um cancro do sangue (DR)
Uma equipa de cientistas franceses calculou que 169,3 milhões de anos de vida com qualidade foram globalmente perdidos, em 2008, devido a mortes ou incapacidades decorrentes de cancros.
Para chegar a este resultado, Isabelle Soerjomataram e colegas, da Agência Internacional de Estudo do Cancro (IARC), em Lyon, França, utilizaram registos de casos de cancro do mundo inteiro. E tiveram em conta não apenas os anos de vida perdidos devido à morte prematura das vítimas da doença, mas também os anos de vida que não chegaram a ser vividos com qualidade por causa de incapacidades ou de problemas de saúde gerados por cancros não mortais. A perda de qualidade de vida podia, por exemplo, prender-se com o facto de se ter sofrido uma mastectomia no caso do cancro da mama ou de se ter perdido a fertilidade devido ao tratamento do cancro do colo do útero, explica a IARC em comunicado.
O peso do cancro fez-se sentir sobretudo na Ásia e na Europa, indicam os resultados, publicados esta terça-feira no site da revista médica The Lancet. Na maior parte das regiões, os principais responsáveis foram os cancros colorrectais, pulmonares, mamários e da próstata. Quanto aos cancros associados a infecções (fígado, estômago e colo do útero), revelaram ter maior peso em termos de anos de vida perdidos na África subsariana e no Leste Asiático do que nas outras regiões do mundo.
Um outro resultado de destacar, salienta o comunicado, é que, apesar do acesso acrescido a tratamentos de alta qualidade, a sobrevivência não tem melhorado muito em relação a uma série de cancros comuns de mau prognóstico, tais como os dos pulmões, estômago, fígado e pâncreas. Isso indica que será preciso dar prioridade à prevenção se se quiser reduzir o peso das doenças cancerosas nas populações humanas.
“Ao contrário do número de mortes e das taxas de mortalidade, que colocam a ênfase nos óbitos de pessoas mais idosas”, escreve num comentário na mesma revista Ahmedim Jemal, da Sociedade Americana do Cancro, "[este método] confere maior peso às mortes que se verificam em idades mais precoces e em alturas em que as pessoas são mais susceptíveis de estarem a trabalhar, a criar os filhos e a sustentar outros familiares”. Para este especialista, o maior desafio será reduzir o impacto crescente do cancro nos países com níveis de vida baixos e médios.
fonte: Público
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