quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Dezenas de milhões de anos de vida com qualidade perdidos por culpa do cancro


Células de linfoma, um cancro do sangue (DR)

Uma equipa de cientistas franceses calculou que 169,3 milhões de anos de vida com qualidade foram globalmente perdidos, em 2008, devido a mortes ou incapacidades decorrentes de cancros.

Para chegar a este resultado, Isabelle Soerjomataram e colegas, da Agência Internacional de Estudo do Cancro (IARC), em Lyon, França, utilizaram registos de casos de cancro do mundo inteiro. E tiveram em conta não apenas os anos de vida perdidos devido à morte prematura das vítimas da doença, mas também os anos de vida que não chegaram a ser vividos com qualidade por causa de incapacidades ou de problemas de saúde gerados por cancros não mortais. A perda de qualidade de vida podia, por exemplo, prender-se com o facto de se ter sofrido uma mastectomia no caso do cancro da mama ou de se ter perdido a fertilidade devido ao tratamento do cancro do colo do útero, explica a IARC em comunicado.

O peso do cancro fez-se sentir sobretudo na Ásia e na Europa, indicam os resultados, publicados esta terça-feira no site da revista médica The Lancet. Na maior parte das regiões, os principais responsáveis foram os cancros colorrectais, pulmonares, mamários e da próstata. Quanto aos cancros associados a infecções (fígado, estômago e colo do útero), revelaram ter maior peso em termos de anos de vida perdidos na África subsariana e no Leste Asiático do que nas outras regiões do mundo. 

Um outro resultado de destacar, salienta o comunicado, é que, apesar do acesso acrescido a tratamentos de alta qualidade, a sobrevivência não tem melhorado muito em relação a uma série de cancros comuns de mau prognóstico, tais como os dos pulmões, estômago, fígado e pâncreas. Isso indica que será preciso dar prioridade à prevenção se se quiser reduzir o peso das doenças cancerosas nas populações humanas. 

“Ao contrário do número de mortes e das taxas de mortalidade, que colocam a ênfase nos óbitos de pessoas mais idosas”, escreve num comentário na mesma revista Ahmedim Jemal, da Sociedade Americana do Cancro, "[este método] confere maior peso às mortes que se verificam em idades mais precoces e em alturas em que as pessoas são mais susceptíveis de estarem a trabalhar, a criar os filhos e a sustentar outros familiares”. Para este especialista, o maior desafio será reduzir o impacto crescente do cancro nos países com níveis de vida baixos e médios. 

fonte: Público

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