O Titanic foi uma excepção, com uma proporção maior de mulheres e crianças salvas do que homens (Reuters)
Edward Smith é uma excepção. O comandante do Titanic, que a 14 de Abril de 1912 colidiu com um icebergue e se afundou matando mais de 1500 pessoas, é uma figura polémica devido à sua responsabilidade no naufrágio.
Mas foi Smith quem ordenou que as mulheres e as crianças fossem para os botes salva-vidas. Na maioria dos naufrágios, isto não sucede e as mulheres e as crianças são as que menos se salvam, enquanto a tripulação e os homens tendem a sobreviver mais, revela um artigo na revista norte-americana Proceedings of the National Academy of Science.
“Fiquei muito surpreendido por ser tão claro que as mulheres morrem mais do que os homens nos naufrágios e de como o Titanic era uma excepção tão grande [70% das mulheres salvaram-se]”, diz ao PÚBLICO Mikael Elinder, da Universidade de Upsala, na Suécia. Elinder quis perceber o comportamento das pessoas num caso extremo. E se o exemplo do Titanic, tão enraizado na consciência colectiva, reflectia a norma.
Para isso, o autor analisou 18 naufrágios, ocorridos entre 1852 e 2011, com mais de 15.000 pessoas envolvidas e colocou várias hipóteses sobre quem tinha mais hipóteses de sobreviver. Se as mulheres e as crianças fossem as primeiras a serem salvas, então estes dois grupos teriam vantagens. O resultado foi o contrário: as mulheres têm cerca de metade das probabilidades de se salvarem em relação aos homens e as crianças são quem mais morre. Cerca de 50% das crianças no Titanic conseguiu salvar-se, enquanto na média dos 18 naufrágios apenas 15% foi resgatada.
“Isto mostra que as pessoas estão todas a pensar em si próprias e que as crianças têm poucas possibilidades de sobreviver sozinhas”, diz Elinder. As mulheres, considera o cientista, “têm menos força e são menos agressivas”, o que lhes pode trazer desvantagens nestas situações. Mas, conclui o artigo, quando há uma ordem de comando para o salvamento as hipóteses destes dois grupos sobem. Para Elinder, isto permitirá sobrevivências equivalente entre todos.
Outro mito que este trabalho deita por terra é a regra de que o comandante é o último a abandonar o navio. Em mais de 40% dos naufrágios, ele conseguiu salvar-se. "O comandante sobreviveu ao naufrágio que matou centenas de pessoas, por isso não é o último a sair do navio", diz o investigador, lembrando o naufrágio recente do cruzeiro italianoCosta Concordia, em que o comandante abandonou o navio assim que se deu o acidente.
fonte: Público
Sem comentários:
Enviar um comentário