sexta-feira, 10 de junho de 2011

'Clube dos poderosos' debate crise do euro


A crise que a Zona Euro tem enfrentado e a dificuldade de a estancar é um dos temas que estará a ser discutido pelo poderoso e influente Grupo de Bilderberg. O encontro acaba domingo e este ano estão lá três portugueses.

Quem vai segue as regras: não fala sobre o convite, o local, a agenda, as expectativas, sobre nada. Quem já lá esteve desmitisfica: é uma reunião interessante, povoada de gente muito bem informada e influente, mas sem a aura de secretismo e conspirativa que muitos lhe atribuem . A conferência anual de Bilderberg, em que Pinto Balsemão é o único português com estatuto de membro permanente, começou ontem e decorre até domingo em St. Moriz, na Suíça.

"Faz parte do protocolo, não faço qualquer comentário." Esta foi a única frase que Clara Ferreira Alves aceitou dizer ao DN sobre a sua participação no restrito clube que se reúne uma vez por ano juntando algumas das pessoas mais influentes a nível mundial entre chefes de Estado e de Governo e outros dirigentes políticos, líderes de empresas, banqueiros.

Como é da praxe, a agenda e a lista de convidados não foram divulgadas, mas quarta-feira já eram visíveis as movimentações nas imediações do centenário hotel Suvretta e o apertado sistema de segurança chamava a atenção.

Por indicação de Pinto Balsemão, a jornalista do Expresso e o economista António Nogueira Leite foram os dois portugueses convidados este ano a conviver de perto com o exclusivo grupo que muitos classificam de secreto e a quem atribuem um forte poder. Como uma espécie de "mão invisível" que controla e orienta decisões-chave em momentos chave, pelo mundo fora.

Quem já participou recusa as teorias da conspiração. "Aprendi muito, conheci pessoas muito interessantes, mas foi uma reunião igual a tantas outras." Carlos Pimenta, então porta-voz do Parlamento Europeu para os assuntos do clima, participou na conferência há exactamente 20 anos. Há pormenores que já não recorda e experiências que nunca mais esqueceu. "Encontrei lá Bill Clinton", lembrando "o magnetismo" que o então jovem governador do Arkansas exercia sobre quem se cruzava. Em 1991, o mundo acompanhava as mudanças no Bloco do Leste e foi esta a questão dominante dos debates. Mas também se falou de clima.

Das recordações que Carlos Pimenta guarda não constam secretismos ou excessos de segurança: "Não tenho a sensação de ter participado em nenhuma reunião conspirativa", refere, acrescentando que chegou ao local (um resort numa pequena cidade alemã) conduzindo o seu carro. "Se houve reuniões fora de horas em salas escondidas, não vi nem fui convidado", ironiza.

Ao volante do seu próprio carro foi também como Nicolau Santos chegou ao encontro que teve por palco a Penha Longa. E também o director adjunto do Expresso recusa as teorias da conspiração. Recorda o estilo informal ("estávamos sentados por ordem alfabética [do último nome] e por isso fiquei ao lado de Jorge Sampaio"), o profundo conhecimento dos oradores e o interesse dos debates.

Surpresas? Algumas: "Vai-se para um encontro destes a imaginar que apenas se vai ouvir falar das grandes questões geoestratégicas, mas houve um debate muito interessante sobre transgénicos."

Mas a geoestratégia dominou, de facto, o encontro em que Manuel Pinho participou, lado a lado com a Rainha de Espanha. "Foi uma experiência muito interessante" que não se importaria de repetir. Nesse ano, em 2009, ainda não se falava da crise grega e o clube reuniu-se em Atenas.

Este ano, a agenda ainda não foi divulgada, mas a crise do euro está certamente em cima da mesa. No seu site (http://www.bilderbergmeetings.org/index.html) o Clube de Bilderberg explica brevemente como surgiu, as regras dos encontros, por que motivo estes se realizam e refere locais e agenda dos encontros até à edição de... 2010 .

Pela blogosfera e na literatura multiplicam-se teorias e desconfianças sobre o poderio e a influência destes encontros. Em recente entrevista ao The Economist, o presidente do Conselho de Bilderberg, Etienne Davignon, reconheceu que "não se pode fazer nada contra teorias da conspiração".

fonte: DN

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