Ilustração mostra processo que levou à formação das quatro estrelas Fotografia © B. Saxton (NRAO/AUI/NSF)
Simulação da formação de um sistema estelar múltiplo Fotografia © UMass Amherst
O cenário mais provável é que o sistema estelar quádruplo se desintegre ao fim de "pouco" tempo.
Uma equipa internacional de astrofísicos assistiu a um evento único: o nascimento de um sistema estelar quádruplo - com quatro estrelas - a partir de uma nuvem de gás na constelação de Perseus.
Com a ajuda de potentes radiotelescópios, os astrónomos conseguiram detetar uma jovem estrela e três nuvens de gases e poeiras que estão a contrair-se, devido à gravidade, e vão dar origem a novas estrelas. E foram surpreendidos pela rapidez do processo. Segundo os cálculos dos astrofísicos, cada nebulosa vai dar origem a uma estrela nos próximos 40 mil anos, o que, na escala astronómica, é "muito rápido", explica Jaime Pineda, um dos autores do estudo publicado na última edição da Nature.
A equipa, que recorreu a observações de dois radiotelescópios localizados nos EUA, prevê que as estrelas sejam relativamente pequenas, com um décimo da massa do nosso Sol, e dizem que estão separadas entre si por uma distância muito superior à que separa a Terra da sua estrela. Ainda assim, estimam que a gravidade entre elas seja suficiente para que se forme um sistema múltiplo.
Mas por pouco tempo: no artigo, os astrofísicos preveem que as duas estrelas mais próximas entre si acabem por formar um sistema binário e que as outras duas sejam catapultadas para o espaço, dentro de meio milhão de anos. "Sistemas estelares com mais de quatro membros são instáveis e suscetíveis a interferências", explica Jaime Pineda. Por isso, o cenário mais provável é que o sistema quádruplo se desintegre ao fim de "pouco" tempo.
Outro facto que surpreendeu os astrónomos foi o facto de o sistema se desenvolver nas estruturas filamentárias da nebulosa, mais fragmentadas. "No início, pensávamos que os fragmentos não iam interagir". A equipa diz que o número de estrelas num sistema é determinado durante as fases iniciais mas que esses processos ficam escondidos atrás das densas nuvens de gás e poeiras.
Pineda diz que compreender a formação de sistemas estelares múltiplos é essencial para perceber os processos de formação de estrelas e planetas. Quase metade das estrelas no universo está em sistemas múltiplos, incluindo a mais próxima do Sol, Alpha Centauri.
A astrofísica Stella Offner, que estuda estes sistemas, diz que estas observações sugerem que o nosso sistema solar tinha condições diferentes, "provavelmente mais esféricas e menos filamentárias". A distribuição dos planetas no sistema solar também sugere que o Sol nunca fez parte de um sistema múltiplo, conclui.
fonte: Diário de Noticias
Sem comentários:
Enviar um comentário