O supertelescópio VLT acaba de mostrar pela primeira vez uma nuvem de gás a ser sugada pelo buraco negro que se encontra no centro da Via Láctea.
Observações obtidas com o Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), no Chile, mostram pela primeira vez uma nuvem de gás a ser sugada pelo grande buraco negro que se encontra no centro da nossa galáxia.
A nuvem está tão esticada que a sua parte da frente já passou pelo ponto mais próximo e desloca-se agora para longe do buraco negro a mais de 10 milhões de quilómetros por hora (1% da velocidade da luz), enquanto a sua cauda ainda se encontra a cair na direção do buraco negro.
Estima-se que o buraco negro no centro da Via Láctea, conhecido por Sgr A* (Sagitário A asterisco), tenha uma massa de quatro milhões de vezes a massa do Sol. É o buraco negro de massa extremamente elevada mais próximo da Terra, sendo assim o mais adequado para estudar detalhadamente os buracos negros.
Gás esticado por 160 mil milhões de quilómetros
"O gás que se encontra à cabeça da nuvem está esticado ao longo de mais de 160 mil milhões de quilómetros em torno do ponto da órbita mais próximo do buraco negro", explica Stefan Gillessen, investigador do Instituto Max Planck de Física Extraterrestre em Garching, Alemanha, que liderou a equipa de observação, composta por astrónomos alemães e americanos.
"E o ponto de maior aproximação está a apenas um pouco mais do que 25 mil milhões de quilómetros de distância do buraco negro propriamente dito, por pouco não caindo lá para dentro", acrescenta o investigador.
A distância da maior aproximação corresponde a cinco vezes a distância entre Neptuno e o Sol, "o que é realmente muito próximo para um buraco negro com uma massa de quatro milhões de vezes a da nossa estrela", sublinha por sua vez um comunicado do ESO, organização a que Portugal pertence.
"A nuvem está tão esticada que atingir o ponto de maior aproximação ao buraco negro é um processo que dura não apenas um instante, mas um longo período de pelo menos um ano", prossegue ainda Stefan Gillessen.
A sua equipa espera também encontrar provas de como a nuvem em movimento rápido interage com o gás existente no meio à volta do buraco negro.
Origem da nuvem é um mistério
A origem da nuvem de gás permanece um mistério, embora os astrónomos pensem que possa ter sido criada por ventos estelares emitidos por estrelas que orbitam o buraco negro. Ou pode também ser o resultado de um jacto emitido a partir do centro da Via Láctea.
Outra explicação é que uma estrela pode estar no centro da nuvem e, neste caso, o gás viria ou de um vento desta estrela, ou de um disco planetário de gás e poeira que se encontrasse à sua volta.
As observações do VLT vão permitir estudar as regiões próximas do buraco negro, que não tinham ainda sido avaliadas anteriormente, bem como os efeitos da gravidade extremamente elevada.
fonte: Expresso
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