Impressão artística da galáxia descoberta no Universo longínquo (apenas dois mil milhões de anos depois do Big Bang), a devorar gás frio (de cor laranja) da região envolvente. ESO/L. Calçada/ESA/AOES Medialab
Uma equipa internacional de astrónomos descobriu uma galáxia distante que se alimenta de grandes quantidades de gás para criar novas estrelas.
Uma equipa de astrónomos da França, Austrália, Suíça e EUA, conseguiu fazer a melhor observação de sempre de uma galáxia distante a alimentar-se do gás envolvente para formar novas estrelas.
As observações foram feitas no deserto do Atacama, no Chile, com o Very Large Telescope (VLT), o supertelescópio ótico do Observatório Europeu do Sul (ESO), organização a que Portugal pertence.
As imagens obtidas mostram o gás a cair em direção à galáxia, o que cria um fluxo que alimenta a formação de estrelas ao mesmo tempo que impulsiona a rotação dessa galáxia.
A melhor prova direta de sempre
Esta é, até agora, a melhor prova direta da teoria que defende que as galáxias atraem e devoram gás e material próximo de modo a crescerem e formarem estrelas.
O VLT foi utilizado para estudar um alinhamento muito raro entre uma galáxia longínqua (quando o Universo tinha apenas dois mil milhões de anos de idade) e um quasar (o centro extremamente brilhante de uma galáxia alimentado por um buraco negro de grande massa).
A radiação emitida pelo quasar passa através da matéria que circunda a galáxia antes de chegar à Terra, o que permite explorar em detalhe as propriedades deste material.
A ajuda preciosa de um quasar
Quando a luz do quasar passa através das nuvens de gás, alguns dos comprimentos de onda são absorvidos. O modo como estes estão dispostos fornece aos astrónomos informação acerca dos movimentos e da composição química do gás.
Sem o quasar no fundo não se conseguiria obter tanta informação, porque as nuvens de gás não brilham e por isso não são visíveis em imagens diretas.
"Este tipo de alinhamento é muito raro e permitiu-nos fazer observações únicas", explica Nicolas Bouché, astrónomo do Instituto de Investigação de Astrofísica e Planetologia (IRAP) de Toulouse (França) e autor principal do artigo científico que descreve os resultados, publicado esta semana na revista americana "Sience".
Gás novo para produzir estrelas
À medida que formam novas estrelas, as galáxias esgotam rapidamente o seu reservatório de gás e por isso têm que se reabastecer de forma contínua com gás novo para poderem continuar a produzir estrelas.
Os astrónomos suspeitavam que a resposta a este problema estivesse na quantidade de gás frio que se situa nos arredores das galáxias, devido à sua atração gravitacional. Nesta situação, a galáxia atrai o gás, que circula à sua volta, rodando com a galáxia antes de cair para o seu interior. As novas observações mostram como é que a galáxia roda e revelam a composição e o movimento do gás que a circunda.
"O gás move-se como o esperado, a quantidade existente é também a esperada e tem a composição certa para ajustar os modelos construídos pelos astrofísicos de modo perfeito. Esta galáxia tem um apetite devorador e descobrimos como se está a alimentar de modo a crescer tão depressa", explica Michael Murphy, investigador da Universidade de Tecnologia de Swinburne (Melbourne, Austrália) e co-autor do artigo publicado na "Science".
Os astrónomos já tinham encontrado provas de material em torno de galáxias no Universo primordial, mas esta é a primeira vez que puderam mostrar com clareza que este material se desloca para o interior e não para o exterior, tendo também determinado a sua composição para futuras gerações de estrelas.
fonte: Expresso
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