Vista panorâmica a 360 graus da superfície de Marte, tirada pela câmara do "Spirit", o rover robótico na NASA: a atmosfera do planeta vermelho já foi rica em oxigénio há 4000 milhões de anos NASA/JPL-Caltech/Cornell Univ./Arizona State Univ.
Cientistas da Universidade de Oxford descobriram, ao examinar meteoritos e rochas de Marte, que o planeta teve uma atmosfera rica em oxigénio cerca de 1,5 mil milhões de anos antes da Terra.
Marte teve uma atmosfera rica em oxigénio há quatro mil milhões de anos, isto é, cerca de 1,5 mil milhões de anos antes da Terra, concluiu uma equipa de investigadores do Departamento de Ciências da Terra da Universidade de Oxford (Reino Unido).
A descoberta, publicada na revista científica "Nature", foi feita quando a equipa comparou meteoritos provenientes do planeta vermelho que se despenharam na Terra com rochas marcianas examinadas pelo Spirit, o rover robótico da NASA.
Estas rochas tinham marcas de exposição ao oxigénio antes de terem sido recicladas, isto é, antes de se terem deslocado da superfície para o interior de Marte e de serem depois expulsas por erupções vulcânicas para o exterior.
Por outro lado, os meteoritos que chegaram à Terra tinham origem vulcânica, ou seja, foram gerados no interior do planeta vermelho, onde seriam menos afetados pelo oxigénio.
Bernard Wood, cientista da Universidade de Oxford que liderou a investigação, afirma ao diário britânico "The Guardian" que "a implicação destas diferenças é que Marte teve uma atmosfera rica em oxigénio há cerca de 4000 milhões de anos, muito antes da emergência do oxigénio atmosférico na Terra, há cerca de 2500 milhões de anos".
Um planeta húmido, quente e oxidado
Wood esclarece ainda que, "como a oxidação é o que dá a Marte a sua cor distintiva, é previsível que o planeta vermelho tenha sido húmido, quente e 'enferrujado' muito antes de a atmosfera da Terra se tornar rica em oxigénio".
Esta abundância em oxigénio não significa necessariamente que existiu vida em Marte nessa época longínqua, porque os cientistas admitem que este gás podia ter sido produzido por reações químicas na atmosfera, não sendo portanto de origem biológica.
Na Terra, a atmosfera tornou-se progressivamente mais rica em oxigénio devido à fotossíntese das cianobactérias, aquilo a que os cientistas chamam o "Grande Evento de Oxigenação" (GEO), o aparecimento de oxigénio livre na nossa atmosfera há 2500 milhões de anos.
"Catástrofe do Oxigénio" provocou extinção em massa
Na verdade, a produção de oxigénio pelas cianobactérias começou 200 milhões de anos antes do GEO. Só que nessa altura, todo o oxigénio libertado era quimicamente capturado pelo ferro ou pela matéria orgânica existentes no solo da Terra.
O GEO emergiu quando os solos estavam saturados de oxigénio e este teve de ser libertado para a atmosfera. Curiosamente, este evento é conhecido também por "Catástrofe do Oxigénio", porque provocou uma extinção em massa da vida na Terra, ao matar a maior parte dos organismos anaeróbicos existentes (que não precisavam de oxigénio para sobreviver).
Ao mesmo tempo, o oxigénio livre reagiu com o metano existente na atmosfera terrestre, que funcionava como gás de efeito de estufa, o que reduziu a sua concentração e provocou uma das mais longas e severas eras glaciares da história da Terra, que durou 300 milhões de anos.
fonte: Expresso
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