A revisão do programa de contra-terrorismo do governo do Reino Unido está a criar forte polémica. O executivo planeia pedir aos médicos e outro pessoal de saúde que identifiquem pessoas que podem ser vulneráveis ao recrutamento por parte de grupos terroristas.
O programa de prevenção foi criado após os atentados de 7 de Julho de 2005 e visa combater o terrorismo interno. O plano final do governo propõe "expandir os programas de prevenção a organismos de saúde para contar com a perícia dos profissionais de medicina" e garante que não será um plano para espiar as comunidades islâmicas.
Mas, segundo o The Guardian, a British Medical Association (BMA) opõe-se ao programa. Os clínicos já estão autorizados a quebrar a confidencialidade na relação médico-paciente em casos de interesse público extremo, como por exemplo, se souberem ou tiverem fortes indícios de que alguém se prepara para se tornar num bombista suicida.
Uma porta-voz da BMA considera que a lei proposta pelo governo "vai mais longe" e que o organismo "tem problemas com isso". "Os médicos não podem olhar para o futuro e dizer que alguém poderá ter um determinado comportamento. Isto iria ameaçar a confiança no médico e a relação com o paciente. O papel do médico é tratar o doente que está em frente dele e não prever como é que o paciente se poderá comportar no futuro".
A ministra do interior, Theresa May, vai apresentar hoje o novo programa de contra-terrorismo e deverá apontar as suas baterias à ineficácia do plano que era seguido pelo anterior governo trabalhista, nomeadamente o financiamento a organizações não governamentais que deveriam ajudar grupos não extremistas, mas que acabaram por se desligar desses grupos. Mas May terá de responder a várias críticas ao novo programa, inclusive a actuação de que o contra-terrorismo tem sido usado para espiar a comunidade muçulmana ao alargar a sua actuação para a extrema direita, os extremistas dos direitos dos animais e os grupos islâmicos.
O programa, apoiado pelo primeiro-ministro, David Cameron, tem a oposição do próprio vice-primeiro-ministro, Nick Clegg, e do chefe do departamento de segurança e contra-terrorismo, Charles Farr.
fonte: DN
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