A 'neutralidade da internet', isto é, o princípio do acesso igual às redes, está mais incerto do que nunca depois das discussões, nos Estados Unidos, entre o operador Verizon, a Google e o fracasso das negociações a nível federal.
O Verizon, um dos maiores grupos de telecomunicações dos EUA, e a Google, o líder das pesquisas na internet, reconhecem a existência de conversações, mas intensificam as interrogações ao se remeterem a posições ambíguas.
A Google, defensor público da 'neutralidade da net', desmentiu secamente um artigo do New York Times, que lhe atribuía a intenção de estabelecer um acordo com o Verizon, que poderia redundar em tarifas moduladas para aceder à internet.
O principio seria o de o Verizon, que se queixa, como os seus homólogos, do custo da manutenção e da modernização das redes mais solicitadas pela explosão do tráfico da internet, de oferecer melhores ligações aos sítios prontos a pagar mais.
Ora, o princípio na base da 'neutralidade da net' é o de não favorecer os grupos com meios para pagarem uma boa qualidade da ligação às custas de empresas mais modestas ou novas.
Para o Verizon, o diário nova-iorquino fez um erro de interpretação.
"Como dissemos [às autoridades], o nosso objectivo é ter um quadro para a política de internet que assegure abertura e responsabilidade e (...) permita o investimento e a inovação. Sugerir que há um acordo entre as nossas empresas é completamente incorrecto", garantiu o seu porta-voz, David Fish.
Um acordo entre estes dois actores principais do sector, qualificado como "punhalada nas costas" pelo sítio de informações GigaOM antes mesmo de ser confirmado, ameaçaria o esforço da autoridade reguladora das telecomunicações (FCC) para definir um enquadramento.
Sob a égide do presidente Barack Obama, este organismo está muito empenhado na 'neutralidade da net'.
Na quinta feira à tarde, a FCC aumentou as incertezas, ao anunciar que um ciclo de discussões que lançara com operadores, grupos de internet e associação de protecção de consumidores foi inconclusivo.
As negociações "foram produtivas em várias frentes, mas não produziram um quadro sólido para preservar a abertura e a liberdade da internet", declarou, em correio eletrónico, o secretário geral da FCC, Edward Lazarus.
"Todas as opções estão sobre a mesa", disse.
O presidente executivo da Google, Eric Schmidt, que participava na conferência Techonomy, no lago Tahoe, na Califórnia, fez declarações ambíguas, deixando entrever a possibilidade de modulação de tarifas, conforme o tipo de utilização da internet.
"Procuramos soluções que façam a ponte entre a posição 'neutralidade da net, pura e dura' e a posição histórica dos operadores", que é oposta a este modelo, afirmou, segundo o sítio de informações CNet.
"O que queremos dizer é que se você tem um tipo de dados, por exemplo vídeo, não iremos discriminar o seu vídeo em relação a qualquer outro vídeo. Mas podemos diferenciar entre diferentes tipos de dados", acrescentou Schmidt, ainda segundo o CNet.
As associações de consumidores inquietam-se, com uma delas, a Consumer Watchdog, a acusar a Google de "trair o princípio da internet para engrossar os seus lucros".
fonte: DN
Sem comentários:
Enviar um comentário