Tarântula
A tese de doutoramento de Sandra Soares valeu-lhe uma nomeação para um prestigiado prémio sueco. A psicóloga dedicou-se ao estudo da relação entre emoções e a atenção. Usou imagens de animais e verificou que mantemos medos muito antigos de cobras.
Perante imagens de cobras ou aranhas, reagimos com medo aos répteis e com nojo e evitamento aos invertebrados. A reacção é mais rápida quando a imagem apresenta cobras e que estejam “camufladas” em ambiente mais complexo, por exemplo, no meio de frutos.
Alguns dos 338 voluntários estudados por Sandra Soares tinham fobias a cobras ou aranhas. E eles reagiam também com maior rapidez.
A pesquisa constituiu a tese de doutoramento da psicóloga na Suécia, no Instituto Karolinska. O trabalho mereceu-lhe agora uma das quatro nomeações para o prémio Jovem Investigador em Psicologia, da Academia Real Sueca de Ciência.
O ponto de partida de Sandra Soares era investigar como o medo pode dirigir a atenção, comandando-a mesmo. Como psicóloga, interessava-lhe aprofundar aquela emoção básica, presente em muitos distúrbios de ansiedade (em que se incluem as fobias) e perturbações de pânico.
O uso de imagens de cobras ou aranhas como estímulo visual tem permitido aos cientistas estudar as reacções de medo.
Mas Sandra Soares quis acrescentar mais: observar se há diferença nas reacções perante aqueles animais e ambientes em que eles surgissem isolados e também no meio de outros elementos.
Aos participantes no estudo eram mostradas imagens diferentes num ecrã, sendo-lhes pedido que carregassem em teclas consoante fossem identificando um daqueles animais ou ainda frutos e cogumelos com e sem cobras ou aranhas.
As reacções eram mais rápidas quando surgiam os animais, sobretudo cobras. Mas eram mais rápidas ainda quando as cobras não surgiam isoladas e faziam parte de um ambiente complexo.
A atenção era logo dirigida para elas, com rapidez maior ainda do que quando as aranhas estavam também quase escondidas. Tal resposta diferenciada, admite Sandra Soares, “pode relacionar-se com a evolução do sistema visual humano, que se apurou por razões de sobrevivência”.
A hipótese entra na linha de explicações já adiantadas por Isbell Lynne, antropóloga, que diz ter havido um salto na evolução da visão humana quando as serpentes passaram a ser ameaçadoras pelo veneno que lançavam e já não tanto pela capacidade de estrangular a presa.
fonte: JN
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