Ilustração científica do Torvosaurus num dos postais FERNANDO CORREIA
Nova série filatélica tem ilustrações científicas de três grandes carnívoros que viveram no território português.
Depois do lince-ibérico há alguns dias, agora é a vez dos dinossauros. Desenhos científicos de dinossauros carnívoros portugueses, com dentes arreganhados, podem chegar-lhe um destes dias por correio. Os CTT lançaram, no início de Maio, três etiquetas, disponíveis nas máquinas automáticas de impressão de franquia, com ilustrações científicas dos três dinossauros da autoria de Fernando Correia.
Os dinossauros escolhidos para as etiquetas viveram todos no período do Jurássico Superior, há 150 milhões de anos, no território que agora é Portugal. Os fósseis que têm sido encontrados em Portugal evidenciam bem como o país apresenta uma grande diversidade de espécies de dinossauros, tanto herbívoros como carnívoros, em comparação com muitos outros países europeus. Entre esses fósseis estão precisamente os de três espécies de grandes carnívoros: o Torvosaurus, o Ceratosaurus e o Allosaurus, todos bem apetrechados com dentes de vários centímetros de comprimento para rasgar a carne das presas.
O Torvosaurus é mesmo o maior predador terrestre conhecido que viveu em toda a Europa. Tinha mais de dez metros de comprimento (só o crânio ultrapassava um metro) e pesava quatro a cinco toneladas. Já o Ceratosaurus seria um pouco mais pequeno, ainda assim com cerca de cinco a sete metros. Por fim, está representado o Allosaurus, que, como os outros dois géneros de dinossauros ilustrados nas etiquetas, deixou vestígios tanto em Portugal como nos Estados Unidos. Naquela altura, o Atlântico Norte estava a nascer entre a Europa e a América do Norte, por isso ainda havia grande proximidade terrestre entre os dois continentes, o que permitia a passagem dos animais. E é essa história geológica e biológica da Terra que estes fósseis também contam.
A proposta dos três motivos alusivos à paleontologia de vertebrados portugueses partiu do biólogo e ilustrador científico Fernando Correia, que é docente do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro. Representados de corpo inteiro, cada dinossauro tem depois a cabeça ampliada no lado direito de cada etiqueta, unificando dessa forma esta série filatélica.
“Esta emissão é de tipologia mais simples que os selos e tem toda uma série de limitações na disposição no espaço destes animais extintos, para que não ocorra uma sobreposição indesejável com a impressão da franquia”, explica Fernando Correia. Como complemento das etiquetas, há ainda três postais, nos quais oTorvosaurus, o Ceratosaurus e o Allosaurus surgem num paleoambiente. Para a representação científica dos dinossauros, Fernando Correia procurou o acompanhamento do paleontólogo Ricardo Araújo, do Instituto Superior Técnico de Lisboa e do Museu da Lourinhã.
É a segunda vez que os CTT lançam etiquetas alusivas ao património paleontológico português. Em 1999, o tema dos dinossauros (também do Jurássico) apareceu na história da filatelia portuguesa: o Lourinhasaurus alenquerensis, oAllosaurus, o Dacentrurus e as pegadas de dinossauros herbívoros quadrúpedes nas lajes da Pedreira do Galinha (um trilho de 147 metros no Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros) foram ilustrados pelo artista plástico José Projecto, com consultoria científica de paleontólogos do Museu Nacional de História Natural em Lisboa.
Neste aspecto de selos e etiquetas para os CTT, os caminhos de Fernando Correia e José Projecto são paralelos. Há 16 anos, José Projecto ilustrou dinossauros para etiquetas e antes disso, há 27 anos, tinha desenhado para selos o lince-ibérico – espécie única da Península Ibérica, que hoje continua a ser um dos felinos que estão mais ameaçados de extinção em todo o mundo e tem agora um programa de reintrodução em Portugal, tendo já sido libertados oito linces na zona de Mértola desde Dezembro de 2014 (um dos deles morreu entretanto).
Com alguns dias de intervalo, Fernando Correia viu agora ilustrações suas do lince-ibérico em cinco selos, à venda desde o final de Abril nas estações de correio, e dos dinossauros carnívoros nas três etiquetas, à venda desde o início de Maio nas máquinas automáticas de impressão de franquia.
“Estas séries filatélicas são uma excelente forma de divulgação internacional da ciência e arte científica portuguesas. Viajam pelo mundo”, sublinha Fernando Correia.
fonte: Público
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