Os especialistas recolheram dados genealógicos de duas tribos de caçadores-colectores
Um estudo publicado na revista Science sugere uma ruptura com algumas ideias feitas da história da humanidade. Segundo Mark Dyble, antropólogo que coordenou a investigação realizada pela University College de Londres, as tribos nómadas pré-históricas regiam-se pela igualdade entre homens e mulheres. Além de quebrar o estereótipo de que o discurso da igualdade de géneros é algo da nossa História muito recente, o estudo vai mais além: sem uma organização igualitária, as sociedades humanas não teriam evoluído no sentido em que hoje as conhecemos.
“Ainda existe a ideia de que os caçadores-recolectores são mais ‘machos’ ou baseados numa sociedade de dominação masculina. Discordamos e defendemos que só com a emergência da agricultura, quando as pessoas começaram a poder acumular recursos alimentares, é que a desigualdade surgiu”, diz Dyble ao diário britânico Guardian. Sem essa paridade – que incluía a liberdade, de ambos, homens e mulheres, poderem escolher os seus parceiros fora da tribo – a nossa própria evolução seria posta em causa. Foi até uma vantagem para a sobrevivência, acrescenta o antropólogo: “A igualdade de sexos foi uma característica importante para a mudança da nossa organização social, que englobou o encontro de parceiros, o tamanho do nosso cérebro e a linguagem, que nos distinguem como seres humanos”.
Para a equipa, esse salto evolutivo permitiu até distinguir-nos dos nossos parentes biológicos mais próximos, os chimpanzés, “ainda hoje confinados a sociedades de dominância masculina e muito agressivas”.
fonte: Sol
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