Geralmente, quando procuramos vida fora da Terra, nós vamos bem longe – por exemplo, para Marte. Mas um investigador da NASA preferiu fazer uma busca num local mais próximo: a estratosfera da Terra.
Por ser um local seco, alto (entre 10 km e 50 km), frio (56º C negativos) e castigado por ventos de 160 km/h, ninguém esperaria encontrar vida lá.
Sem falar na falta de oxigénio, que, nesta altitude, onde a densidade atmosférica é de 10% comparada à que é encontrada no nível do mar, é encontrado na forma de ozono, que protege a vida na superfície das radiações ultravioleta, mas deixa tudo acima dos 32 km exposto.
A respeito das condições inóspitas do local, o biólogo David Smith, da Universidade de Washington e sua equipa encontraram “micróbios de cada grande domínio” viajando pelos ventos estratosféricos. David é o principal investigador do programa Microrganismos na Estratosfera (MIST, na sigla em inglês) do Centro Espacial Kennedy.
Para encontrar vida num local tão alto, David utiliza balões meteorológicos de alta altitude e amostras reunidas no Observatório Mt. Cachelor, no Oregon, que o ajudaram a descobrir que tipos de micróbios vivem na estratosfera, quantos existem e de onde eles possivelmente vieram.
Não é a primeira vez que se tenta comprovar a existência de vida nas alturas. Desde os anos 30, há relatórios sobre vida encontrada em pontos a 77 km de altitude. Contudo, David questiona os dados, já que os próprios veículos de pesquisa podem ter levado a vida até lá: “Quase nenhum controle de esterilização é relatado nos estudos”, disse ele.
Alguns sugerem que a vida estratosférica é extraterrestre, mas David vai contra esta corrente e sugere uma origem terrestre para ela.
A maior parte dos micróbios descobertos são endósporos, ou seja, organismos extremamente rígidos formados por bactérias que formam um escudo em torno de si mesmas, servindo como proteção contra temperaturas baixas, condições secas e a alta radiação.
Furacões e tempestades de areia podem ter levado as bactérias até esses locais altos, onde elas formam esporos e se deixam levar por toda a Terra.
Essas bactérias podem, ainda, pousar num local apropriado, se reanimarem e prosseguirem com sua sobrevivência e proliferação.
Apesar das dificuldades em recolher organismos que estejam num local de difícil acesso, David está confiante nos resultados da sua pesquisa, que deverão indicar a capacidade desse tipo de vida viajar longas distâncias e sobreviver mesmo em ambientes hostis. O que dá uma luz no fim do túnel para quem procura vida em outros planetas, como Marte.
“Nós ainda não temos ideia de onde traçar a fronteira de altitude da biosfera”, disse David. A pesquisa vai “abordar por quanto tempo a vida por se manter na estratosfera e que tipo de mutações ela pode herdar enquanto estiver lá”.
fonte: Jornal Ciência
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