A cidade de Berezniki, no centro-leste da Rússia, foi construída na contramão do hábito ocidental de só se fazer minas longe de áreas populosas.
A afirmação é de um artigo do New York Times. A medida visava a redução dos riscos do surgimento de dolinas – crateras formadas pela erosão ou destruição do solo abaixo da superfície – que poderiam se abrir repentinamente em casas e prédios.
Mas, no caso da cidade russa de 154 mil habitantes, fundada como um campo de trabalho forçado, as minas estavam localizadas bem próximas da zona urbana, prática comum na era soviética.
Devido aos pilares de sal e a erosão que acomete as minas abandonadas sob a cidade, Berezniki é “afetada por dolinas, abismos com centenas de metros de profundidade que se abrem num piscar de olhos”.
Como resposta à ameaça, a cidade possui um sistema de vigilância de vídeo que funciona 24 horas por dia, no melhor estilo “O Show de Truman”.
Há um ano, no centro de comando das câmeras, uma das telas mostrou um desses buracos surgindo como um pequeno ponto preto num campo nevado logo antes do amanhecer, colocando em risco um prédio, uma estrada e um posto de gasolina.
“Eu olhei e disse: Uau, um buraco está se formando”, disse Olga V. Chekhova, uma funcionária dos serviços de emergência que monitora os vídeos.
Felizmente, os cientistas já conseguem prever as dolinas, mas algumas se abrem rápido demais. No dia 4 de dezembro, enquanto Olga observada o ponto preto se expandindo, testemunhas ligavam para o número de emergência para relatar os buracos. Eles alegavam terem ouvido um alto ruído farfalhante.
A cidade decidiu “lutar contra os buracos com a ciência” colocando em prática “uma armadura de monitores de alta tecnologia.
Eles incluem o sistema de monitoramento por câmeras, sensores sísmicos, pesquisas regulares e monitoramento por satélite das mudanças de altitude de tetos, calçadas e ruas”.
São claras as possibilidades de design para uma cidade fora de forma consigo mesma, e o artigo do NYT parece divulgar sem entusiasmo a incompetência das autoridades da cidade, engenheiros de minas e políticos que supervisionaram a criação das minas e decidiram permitir a fundação de uma cidade sobre elas.
Logo, a galeria de imagens que consta no artigo foca nas pessoas que realmente vivem lá, famílias que assistem a rachaduras surgirem em seus tetos e paredes, observando os móveis que eles não podem se dar ao luxo de deitar fora e a vizinhança que está prestes a, nas palavras do artigo, “ser sugada para dentro da terra”.
“Na minha visão, nós temos que mudar a cidade inteira daqui”, diz um dos habitantes, melancolicamente. Ele não irá buscar um caderno de desenhos nem planear cidades futurísticas e robóticas em palafitas. “Todas as casas têm rachaduras”.
fonte: Jornal Ciência
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