sábado, 19 de janeiro de 2013

Ex-agente secreto admite envolvimento na morte de Machel


O filho de Samora Machel considerou hoje "importantes e encorajadoras" as declarações de um ex-agente da secreta sul-africana que assumiu a autoria da morte do primeiro Presidente moçambicano, mas disse esperar pelos resultados da comissão de inquérito.

Em declarações à Lusa, Samora Machel Júnior, filho do ex-chefe de Estado moçambicano, que proclamou a independência do país, disse tratar-se de "informações importantes e encorajadoras" para se apurar a verdade sobre as causas da queda do avião presidencial.

"É sinal de que existem fortes indícios (de que não se tratou de erro humano, como indicam algumas teorias) que levaram o governo sul-africano a reabrir o processo", disse à Lusa Samora Machel Júnior.

Numa entrevista exclusiva publicada pelo semanário sul-africano Sowetan Sunday World, um agente ao serviço do "Civil Cooperation Bureau" (CCB), departamento de operações especiais dos serviços secretos do então regime do "apartheid", assumiu ter estado envolvido na morte de Samora Machel.

"Eu fazia parte da equipa de reserva, armada com mísseis terra-ar, que seriam utilizados caso o primeiro plano falhasse", disse Hans Louw, assinalando que também colaborou nos relatórios e trâmites burocráticos da morte de Samora Machel.

Hoje, o filho de Samora Machel disse à Lusa que há muito que "a família continua à espera" de uma posição oficial do Estado moçambicano sobre a morte do ex-Presidente de Moçambique.

"Até este momento tudo o que temos ouvido é com base no que sai nos órgãos moçambicanos e sul-africanos. Não tivemos nenhum contacto com o Estado" para abordar as informações que têm sido veiculadas pela imprensa nacional ou estrangeira sobre o assunto, disse Samora Machel Júnior.

O filho de Samora Machel afirmou que a sua família continua "à espera dos resultados dos inquéritos" dos governos de Moçambique e da África do Sul".

"Os Estados moçambicano e sul-africano é que têm que fazer as devidas análises (dessas informações divulgadas). Para nós quaisquer informações são importantes", acrescentou.

No ano passado, as autoridades sul-africanas voltaram a investigar o caso.

O primeiro Presidente da República de Moçambique e outras 33 pessoas morreram a 19 de outubro de 1986, após a queda do avião presidencial, um Tupolev de fabrico soviético, nas colinas em Mbuzini, perto da fronteira sul-africana com Moçambique, quando regressavam da Zâmbia em direção a Maputo.

O ex-agente da secreta sul-africana contou que o regime do "apartheid" tinha um plano A: desviar o Tupolev da sua rota por meio de emissão de falsos sinais de rádio, para que o piloto russo conduzisse o avião para território sul-africano, o que efetivamente aconteceu.

O aparelho acabou por se despenhar nas montanhas de Libombo, na região de Mbuzini, pois o piloto estava convencido de que estava a baixar em direção a Maputo.

Hans Louw disse que os falsos sinais que desviaram o avião presidencial moçambicano teriam sido usados também para abater um avião militar angolano em 1989.


Sem comentários:

Enviar um comentário