Baumgartner na sua cápsula durante os preparativos para o salto sobre o Novo México (AFP)
O piloto a aterrar no Novo México, no segundo ensaio do salto AFP
Baumgartner a experimentar o fato especialmente feito para o salto Reuters
Cápsula espacial onde o piloto vai viajar até à estratosfera AFP
Baumgartner inspecciona a cápsula onde vai viajar AFP
Um austríaco de 43 anos ia tentar, esta terça-feira, quebrar o recorde de salto em altitude e ultrapassar a velocidade do som, mergulhando em queda livre de uma altura de 36.576 metros, por cima do Novo México. Mas este salto acabou por ser abortado, devido a uma série de problemas, e talvez se faça nova tentativa amanhã, quarta-feira.
As condições meteorológicas são a chave do sucesso da missão de Felix Baumgartner, piloto de helicópteros e skydiver profissional. A equipa de Baumgartner decidiu esperar por uma frente fria que passou ontem pela região antes de lançar o balão de hélio que vai levar este piloto até aos 36.576 metros de altitude, por cima de Roswell, no Novo México. Inicialmente, o lançamento do balão estava previsto para as 7h locais (14h em Lisboa), mas foi entretanto atrasado devido a ventos fortes. Previa-se que ainda acontecesse esta terça-feira: se tudo tivesse corrido bem, o balão teria partido por volta das 18h30 de Lisboa.
Depois seriam precisas entre duas a três horas para chegar aos 120.000 pés (36.576 metros). A proeza pode ser acompanhada em directo no site da missão Red Bull Stratos.
Mas uma sucessão de problemas acabaram por abortar o salto, pelo menos esta terça-feira. Primeiro foi preciso esperar que o vento acalmasse e só depois desenrolar o enorme balão, que é caro, para o insuflar. Só que, uma vez aberto o balão, ele já não pode ser usado. Ora quando essa operação decorria, houve problemas na cápsula onde seguiria o austríaco até lá acima e, como se isso não bastasse, também num dos rádios e os ventos fortes voltaram. A missão foi cancelada e esta quarta-feira, se for por diante, utilizar-se-á um balão sobressalente.
Baumgartner vai tentar fazer esta viagem até à estratosfera dentro de uma cápsula espacial fabricada para este salto, instalada no balão.
O aventureiro austríaco pretende bater o actual recorde de 31.333 metros para o salto a maior altitude, em Agosto de 1960, nas mãos de Joe Kittinger, coronel da Força Aérea norte-americana. Hoje, Kittinger faz parte da equipa técnica de Baumgartner e será a única voz que este vai ouvir através do rádio durante a viagem até à estratosfera e depois na descida.
Quando chegar aos 36.576 metros de altitude, o piloto verificará os 39 pontos da sua lista de procedimentos de segurança, despressurizará manualmente a cápsula, que se abrirá e saltará, então, para o vazio.
O salto, em queda livre, durará cinco minutos e 35 segundos e Félix atingirá uma velocidade de 1110 quilómetros por hora. O resto da descida será feita já com o pára-quedas aberto e irá demorar mais 10 ou 15 minutos até aterrar no deserto. Helicópteros com equipamentos para tratar problemas de pulmões estarão a postos durante o salto.
Quando Baumgartner saltar da cápsula, a posição do seu corpo será crucial. Se cair de uma forma que o faça girar depressa demais corre o risco de danificar os olhos, o cérebro e o sistema cardiovascular. “É muito importante que salte na posição delta, isto é, com as mãos esticadas ao longo do corpo e cabeça baixa, mergulhando no espaço”, disse o seu treinador Luke Aikins, citado pela BBC. “Se alguma coisa de mal acontecer, a única coisa que pode ajudar é Deus”, disse Baumgartner, à estação britânica.
Baumgartner deverá atingir 1110 quilómetros por hora, ultrapassando a velocidade do som àquelas temperaturas (na estratosfera, a velocidade do som é mais baixa e, por isso, o austríaco deverá superar o limite).
Ainda assim, levará um fato especial para o proteger das baixas pressões e das temperaturas extremamente frias (poderão ser de 57ºC negativos). O fato - desenvolvido para suportar temperaturas entre os 68ºC negativos e os 38ºC positivos - foi fabricado pela David Clark Company, uma empresa que desde 1941 se dedica ao desenvolvimento de equipamento para exploração espacial, e apenas foram feitos dois exemplares.
“Aquilo que vai acontecer aqui não é só uma tentativa de quebrar um recorde. É um programa de testes de voo”, disse em conferência de imprensa o consultor do projecto, o médico Jonathan Clark, que já trabalhou para a agência espacial norte-americana (NASA). Entre os interessados na investigação em fatos espaciais estão empresas que desenvolvem naves para viagens comerciais.Durante o salto, Baumgartner levará presa ao peito uma caixa com diversos aparelhos de medição de valores de pressão atmosférica, velocidade e temperatura. Estes vão permitir acompanhar a descida e perceber como reage o corpo humano a condições tão agrestes, além de verificar se os objectivos são superados ou não. Com estas informações será possível desenvolver procedimentos de emergência para as missões espaciais para que, quem sabe um dia, os astronautas possam regressar à Terra em caso de avaria da nave espacial.
O salto de Baumgartner, financiado pela marca de bebida energética Red Bull, não é o primeiro. O austríaco já saltou a 21 quilómetros e a 29,6 quilómetros de altitude. Baumgartner iniciou-se no skydiving aos 16 anos e já fez mais de 2500 saltos. Em 1999 saltou da estátua do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro e, também nesse ano, das Torres Petronas em Kuala Lumpur. Em 2004 foi a vez da ponte Millau em França e em 2007 da torre Taipei 101 em Taiwan, ambas consideradas as maiores do mundo.
fonte: Público
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