O supertelescópio ALMA, o maior projeto astronómico da atualidade, descobriu uma estrutura totalmente inesperada em volta da estrela gigante vermelha R Sculptoris
Chama-se R Sculptoris e é uma estrela gigante vermelha à volta da qual os astrónomos descobriram uma enorme estrutura misteriosa em forma de espiral.
Astrónomos do Obervatório Europeu do Sul (ESO), organização a que Portugal pertence, descobriram uma estrutura em espiral misteriosa e totalmente inesperada na matéria que circunda a estrela R Sculptoris, situada a 500 milhões de anos-luz da Terra.
É a primeira vez que uma tal estrutura, juntamente com uma concha esférica exterior, é encontrada em torno de uma estrela gigante vermelha.
No final das suas vidas, as estrelas com massas até oito massas solares transformam-se em gigantes vermelhas e libertam enormes quantidades de matéria sob a forma de um denso vento estelar.
Estrela companheira escondida
A estranha forma da espiral foi provavelmente criada por uma estrela companheira escondida, que orbita a gigante vermelha. Os astrónomos ficaram também surpreendidos ao descobrir que a gigante vermelha ejetou muito mais marterial do que o esperado.
Esta descoberta é um dos primeiros resultados científicos do telescópio ALMA, um dos mais poderosos do mundo, localizado no Deserto do Atacama (Chile), e será publicada esta semana na revista científica britânica "Nature".
"Já tínhamos visto anteriormente conchas em torno de estrelas deste tipo, mas é a primeira vez que vemos uma espiral de matéria a sair da estrela, juntamente com a concha circundante," afirma o autor principal do artigo científico da "Nature", Matthias Maercker.
Geração de sistemas planetários e de vida
Uma vez que ejetam grandes quantidades de matéria, as gigantes vermelhas como a R Sculptoris contribuem bastante para as poeiras e gases que constitue a matéria prima na formação de futuras gerações de estrelas, sistemas planetários e, em última análise, da própria vida.
Durante a fase de gigantes vermelhas, as estrelas sofrem periodicamente pulsações térmicas. Este fenómeno corresponde a periodos de curta duração, em que se verificam explosões de combustão de hélio na concha que envolve o núcleo estelar.
Uma pulsação térmica faz com que a matéria seja expelida para fora da estrela a uma taxa muito elevada, o que origina a formação de uma grande concha de poeira e gás em torno da estrela.
As pulsações térmicas ocorrem a cada 10 mil/50 mil anos, durando apenas algumas centenas de anos. As novas observações da R Sculptoris mostram que esta estrela sofreu uma pulsação térmica há 1800 anos, que durou 200 anos.
O poder do supertelescópio ALMA
"O ALMA está a dar-nos novas pistas sobre o que se passa nestas estrelas e o que pode acontecer ao Sol daqui a alguns milhares de milhões de anos", explica Shazrene Mohamed, co-autor do artigo da "Nature".
E Matthias Maercker acrescenta que "num futuro próximo, observações de estrelas como a R Sculptoris pelo ALMA ajudar-nos-ão a compreender como é que os elementos de que somos constituídos chegaram a locais como a Terra".
O ESO é o parceiro europeu do telescópio ALMA, o maior projeto astronómico que existe atualmente, composto por uma rede de 66 grandes antenas parabólicas. O Atacama Large Millimeter/Submillimeter Array, que será inaugurado oficialmente a 13 de março de 2013, é um projeto que resulta de uma parceria entre instituições da Europa, América do Norte e Leste Asiático, em cooperação com o Chile.
fonte: Expresso
Sem comentários:
Enviar um comentário