segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Sismo do Chile abre falha de 500 km


Cientistas alertam que sismo de Fevereiro levantou partes da costa chilena em 2,5 metros e noutras zonas afundou um metro. 'Efeito-acordeão' faz temer que a terra trema de novo.

O sismo que varreu o Chile em Fevereiro - considerado o quinto mais forte na história da sismologia moderna, ao atingir os 8,8 graus na escala de Richter - abriu uma falha no solo que se prolonga ao longo de 500 quilómetros de costa. Uma equipa de especialistas franceses, alemães e chilenos publicou um estudo na revista Science em que demonstra que o terramoto mudou a costa chilena, empurrando 2,5 metros para cima terrenos próximos do oceano e afundando um metro algumas zonas interiores.

A investigação centrou-se em 24 pontos junto ao mar e em nove vales de estuários, onde se encontra aquilo a que os cientistas intitulam de "linha charneira", 120 quilómetros de fissura que separam as áreas levantadas das outras que afundaram com o sismo. Os limites das áreas levantadas revelam algas sobre uma crosta de corais mortos, o que demonstra o sentido ascendente do movimento sísmico, enquanto os pontos de referência de obras humanas e o limite mais baixo da vegetação indicam as áreas de afundamento.

Este é o chamado "efeito-acordeão", considerado normal e semelhante ao que já tinha acontecido na Indonésia em 2004. O grande problema, alerta Andrés Tassara, um dos cientistas, é que a terra pode voltar ao mesmo lugar no futuro. "Se houver outro terramoto, essa força acumula-se em todos os lugares da costa onde a terra levantou até um ponto em que não aguenta e gera novo terramoto".

As conclusões do estudo feito no Chile parecem mesmo confirmar esta tese. Os especialistas perceberam que os deslocamentos verticais do solo resultaram da libertação da elasticidade acumulada entre as placas tectónicas desde os sismo de Fevereiro de 1835 em Conceição, que gerou também um maremoto. "A maior parte da tensão acumulada durante o ciclo sísmico libertou-se com o terramoto de 27 de Fevereiro", adiantam, ainda, os cientistas.

O efeito devastador deste sismo serviu como aviso para as autoridades chilenas que foram acusadas de não ter em conta o que os sismólogos lhes diziam, nomeadamente quanto à possibilidade iminente de um sismo de grande magnitude afectar o país. Com a natureza a dar razão aos cientista, a preocupação é, neste momento, tentar prever o próximo abalo e, principalmente, preparar a população.

O mais recente alerta surgiu para o Norte do Chile, junto à fronteira com o Peru. O último grande sismo da zona aconteceu em 1877 e os cientistas avisam que um abalo de magnitude idêntica à registada em Fevereiro poderá acontecer amanhã, ou nos próximos anos, mas defendem que vai acontecer. As autoridades locais já trabalham para minimizar os estragos e as vítimas.

fonte: DN

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