Uma imagem de um local próximo de onde foi encontrada a "lokiarqueas" Centre for Geobiology / Universidade de Bergen, Noruega
Um novo micróbio, encontrado a mais de 3 mil metros de profundidade no Ártico, é encarado pelos cientistas como uma pista preciosa acerca das origens da vida.
Publicada esta semana na revista Nature, a descoberta está a ser encarada como o elo que faltava esclarecer como há mais de 2 milhões de anos, uma célula solitária e primitiva se multiplicou e deu origem a seres humanos, animais, plantas e fungos.
A "lokiarqueas" - assim foi batizada a nova espécie - foi encontrada por um navio dedicado à investigação científica no fundo do Ártico e deve o nome ao local onde foi descoberta: perto de uma das fontes hidrotermais entre a Noruega e a Gronelândia - commumente conhecida como o "Castelo de Loki, o misterioso deus nórdico". Os investigadores acreditam que estes seres "são a ponte entre a vida celular menos complexa, procariotas, e outros seres vivos, os eucariotas".
"São descendentes diretas do nosso micróbio ancestral", explica Thijs Ettema, um dos investigadores, em declarações ao jornal espanhol El País. "A nossa descoberta aproxima-nos um pouco mais da pergunta eterna: de onde viemos?"
Mas o caminho daqui para a frente não vai ser fácil para os investigadores. Apenas 1 por cento de todos os microrganismos que habitam a Terra podem ser criados e reproduzidos em laboratório e a "lokiarqueas" não faz parte dessas execeções. O investigador Ettema, da Universidade de Uppsala (Suécia), e o resto da sua equipa só conseguiram identificá-la e estudá-la graças a um técnica inovadora "metagenómica" capaz de identificar o ADN de cada ser vivo a partir de sedimentos marinhos - o que permite posteriormente reconstruir o resto do genoma.
Mas este estudo tem um senão frustrante: não se sabe qual o aspecto das lokiarqueas, acima de tudo, porque esta investigação tem por base os genes e as proteínas e não o organismo, propriamente dito. A nova meta de Thijs Ettema é, então, extrair esta espécie de micróbios do fundo do mar e observá-la ao microscópio. O que envolve uma dupla dificuldade porque "se encontram muito dispersos no oceano e há escassez de amostras" e além disso, "o ritmo de divisão celular é muito lento e, pode levar anos, na melhor das hispóteses, até os cientistas descobrirem do que se alimentam".
Por esta razão, vão continuar a sequenciar o "metagenoma" em busca de novas espécies que possam esclarecer como "a união de dois grandes impérios procariotas deu origem a um terceiro. Nós".
"Este é um estudo muito interessante, especialmente para a descoberta de uma linhagem perdida e que pode ajudar a explicar um momento chave na história da evolução genética, sobre a qual já existem várias teorias alternativas", disse Iñaki Ruiz-Trillo, pesquisador do Instituto de Biologia Evolutiva (CSIC -UPF), ao jornal espanhol El País.
fonte: Visão
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