Os cérebros dos corvos modula respostas comportamentais de acordo com as informações visuais. Cientistas afirmam que pesquisa vai ajudar a compreender comportamento animal.
Não era só isso e nada mais. Depois de demonstrarem que os corvos conseguem reconhecer rostos humanos, cientistas americanos descobriram que o cérebro dessas aves processa informação de uma maneira bem similar ao dos humanos e outros mamíferos.
Segundo um estudo publicado nesta segunda-feira na versão on-line da PNAS, da Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos, os cérebros dos corvos têm um sistema neural complexo, que modula respostas comportamentais de acordo com as informações visuais.
Em situações que pareciam oferecer perigo, de acordo com o rosto reconhecido, os cérebros dos corvos ativavam a amígdala cerebelosa, o tálamo e o tronco cerebral, regiões que em humanos são associadas com emoções e capacidade de aprender com o medo.
Quando os cientistas analisaram o cérebro das aves em situações em que elas foram colocadas frente a um rosto 'amigo' (por exemplo, o de uma pessoa que costumava alimentar pássaros no habitat dos corvos), eles perceberam que o cérebro ativava regiões do cérebro ligadas à capacidade de motivação (ou ação).
Segundo os cientistas, a pesquisa vai ajudar a melhorar a compreensão da base neural do comportamento animal.
Em 2008, a mesma equipa de cientistas da Universidade de Washington já havia demonstrado que os corvos tinham a capacidade de reconhecer rostos humanos.
Intrigados pelo comportamento dos corvos-americanos em seu campus em Seattle, investigaram se as aves lembrariam de um rosto associado a uma situação assustadora.
Alguns deles então usaram uma máscara de borracha que representava um homem das cavernas e aprisionou, vendou e mais tarde libertou sete corvos.
Nos dias seguintes, os cientistas dividiram-se em dois grupos e passaram a andar pelas áreas abertas do campus: um usou a máscara "perigosa" do homem das cavernas; o outro, uma máscara 'neutra', que tinha o rosto do ex-vice-presidente americano Dick Cheney.
Eles observaram que a máscara do homem das cavernas levou as aves a darem uma resposta coletiva à ameaça. Elas gralharam e gritaram, agitando furiosamente as asas e as caudas para alertar sobre o perigo. A máscara de Cheney, ao contrário, não motivou respostas.
Os cientistas levaram a experiência a outros quatro locais fora da universidade, desta vez usando máscaras diferentes feitas em látex por um fabricante especializado. Os rostos tinham aparência comum, de homens e mulheres, brancos ou asiáticos. Quarenta e uma aves foram capturadas e vendadas.
À medida que o tempo passou, o número de aves que emitiu alerta sobre a máscara que representava perigo aumentou.
Até mesmo corvos que viviam a 1,2 quilómetros do local, e que não haviam sido vendados, passaram a reproduzir o alerta. Eles se agruparam, aparentemente aprendendo sobre a ameaça por meio do grupo.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Brain imaging reveals neuronal circuitry underlying the crow’s perception of human faces
Onde foi divulgada: revista PNAS
Quem fez: John M. Marzluffa, Robert Miyaokab, Satoshi Minoshimab e Donna J. Cross
Instituição: Universidade de Washington
Dados de amostragem: 12 corvos adultos
Resultado: Processos cerebrais que fazem com que os corvos reconheçam rostos humanos e percebam perigo são semelhantes aos dos humanos
fonte: Veja
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