terça-feira, 25 de setembro de 2012

Papiro que cita mulher de Jesus é falsificação moderna, diz estudioso


O papiro foi apresentado pela professora Karen King, de Harvard Foto: Karen L. King/Harvard University/Divulgação

Um estudioso do Novo Testamento diz ter encontrado evidências de que o chamado "Evangelho da Mulher de Jesus" é uma falsificação moderna. 

O professor Francis Watson, da Universidade de Durham, diz que o fragmento de papiro que causou polémica ao surgir no início desta semana, por se referir à suposta mulher de Jesus, é uma colcha de retalhos, e que todos os fragmentos de frases encontrados foram copiados, com algumas alterações, de edições impressas do Evangelho de Tomé. As informações são do Guardian.

A descoberta já acendeu um debate feroz entre os académicos, mas o professor acredita que sua nova pesquisa possa ser conclusiva. "Eu creio que é mais ou menos indiscutível que eu demonstrei como a coisa foi composta", argumentou. 

"Eu ficaria muito surpreso se não fosse uma falsificação moderna, ainda que seja possível que tenha sido composta desta forma no século IV", acrescenta.

O artigo publicado online por Watson afirma que a obra foi montada por alguém que não era um falante ativo da linguagem copta - usada pelos cristãos egípcios durante o império romano -, o que é um jeito educado de dizer que se trata de um trabalho moderno. 

Ele não critica diretamente a professora Karen King, de Harvard, que apresentou o fragmento numa conferência em Roma. 

Watson diz que ela fez um ótimo trabalho em apresentar as evidências e imagens do fragmento. Ele crê que o papiro em si pode datar do século IV, mas as palavras, diz ele, mostram claramente a influência dos livros impressos modernos. 

Karen afirmou acreditar que o papiro foi criado entre os séculos II e IV, mas a data do objeto ainda não foi analisada quimicamente.

Há uma quebra de linha no meio de uma palavra que parece ter sido retirada diretamente de edições modernas do Evangelho de Tomé, um texto genuinamente gnóstico ou cristão. 

De acordo com o professor, é comum que palavras estejam partidas no meio em escritas antigas, como a copta, que eram escritas sem hífens. No entanto, é incomum que a ruptura apareça na mesma obra em dois manuscritos diferentes. 

A professora Karen ainda não se manifestou sobre o assunto. 

fonte: Terra

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