terça-feira, 25 de setembro de 2012

Descoberta de Neptuno faz 166 anos, pouco mais de 1 ano neptuniano


Retratos do Hubble foram feitos na comemoração do primeiro ano neptuniano de sua descoberta Foto: Nasa/ESA/Hubble Heritage Team (STScI/AURA)/Divulgação

Casos de cientistas brilhantes que são ignorados por suas ideias inovadores são comuns na história. Um desses exemplos é o francês Urbain Joseph Le Verrier. 

Quando se descobriu que o planeta Urano não orbitava da maneira que era previsto pelos cálculos astronómicos, esse matemático propôs que ele sofria a interferência de outro planeta - ele inclusive deu a localização e massa desse corpo desconhecido. 

Os astrónomos franceses ignoraram sua hipótese, mas ele insistiu na ideia e mandou suas predições para Johann Gottfried Galle, no Observatório de Berlim. Galle encontrou Neptuno na primeira noite de observações, com menos de um grau de divergência do previsto por Le Verrier, em 23 de setembro de 1846.

O matemático francês não foi o único a prever a existência do planeta, o astrónomo inglês John Couch Adams também fez os cálculos - de maneira independente, pouco tempo antes -, mas nunca publicou sua hipótese. Dezessete dias depois de Neptuno, Galle descobriu Tritão, sua maior lua.

Curiosamente, Neptuno está tão longe do Sol (4,5 biliões de km) que ele demora cerca de 165 anos terrestres para dar a volta ao redor da estrela - ou seja, somente em 2011 que completamos um ano neptuniano de sua descoberta. De presente, ele ganhou uma série de retratos do Hubble.

Outra curiosidade, é que a órbita irregular do planeta-anão Plutão faz com que ele, de tempos em tempos, entre na órbita de Neptuno e fique mais perto do Sol que este (durante um período de 20 anos a cada 248 anos). Contudo, não há risco dos dois colidirem.

Ao contrário do que muitos pensam, os planetas gigantes gasosos tem um núcleo sólido. O de Neptuno é do tamanho aproximado da Terra. 

Existe muito metano na composição de sua atmosfera (o que o deixa azul) e até mesmo água. Contudo, o azul desse corpo é mais vívido que o de Urano - mas não se sabe qual componente na atmosfera deixa a cor mais viva.

Em 1989, a Voyager 2 registou uma grande mancha escura na atmosfera de Neptuno. Chamada de "Grande Ponto Escuro", a mancha é na verdade uma gigantesca tempestade (grande o suficiente para devorar a Terra) com ventos de 1,2 mil km/h. 

Décadas depois, o Hubble não conseguiu registar o Grande Ponto, mas viu outras duas grandes tempestades ao longo dos anos de seu funcionamento. A Voyager 2 ainda fotografou nuvens que faziam sombra no planeta - o que permitiu calcular as distâncias entre suas camadas.

Neptuno tem pelo menos (sempre pode se descobrir mais) seis anéis e 13 luas. Seu maior satélite, Tritão, orbita no sentido contrário dos demais, o que indica que ele foi capturado pela gravidade do planeta em um passado distante. 

A lua é extremamente fria (-235°C na superfície), mas tem gêiseres que expelem material congelado a até 8 km. Desde as primeiras medições pela Voyager 2, a atmosfera de Tritão está esquentando - mas não se sabe o motivo.

Mas o que aconteceu com Le Verrier? Galle queria dar o nome do francês ao planeta. A União Astronómica Internacional (IAU, na sigla em inglês), contudo, negou e acabou dando o nome do deus romano dos mares. 

Mas ele ganhou diversas honrarias pelo feito, como a medalha Copley, em 1846 - o mais tradicional prémio da Royal Society (a Real Sociedade Britânica), entregue desde 1731. 

Ele ainda assumiu o Observatório de Paris - mas suas medidas duras para restaurar a qualidade da instituição o levaram a ser odiado pelos astrónomos. 

O matemático foi afastado do cargo, mas deu a volta por cima e voltou três anos depois. Ele ainda é um das 72 pessoas que teve seu nome eternizado na torre Eiffel. Le Verrier morreu em 1877.

fonte: Terra

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