Fêmea da espécie recém-descoberta 'Dolichomitus jatai' (Foto: Reprodução/Zookeys/UFSCar)
Macho da espécie 'Dolichomitus moacyri', que não possui a 'cauda' (Foto:Reprodução/"ZooKeys"/UFSCar)
Espécies são venenosas e podem atingir até 4 cm, afirma investigadora. Vespas usam 'cauda' para atingir larvas e ovos de outros insetos.
Cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) descobriram duas novas espécies de vespas brasileiras.
Encontradas em áreas próximas a Poços de Caldas, em Minas Gerais, e numa reserva ecológica no interior paulista, entre Ribeirão Preto e São Carlos, as espécies têm como característica parasitar ovos, larvas ou pupas de outros insetos.
Chamadas de parasitóides, as vespas das espécies Dolichomitus jatai e Dolichomitus moacyri, da subfamília Pimplinae, são de grande porte em comparação com outras, avalia Angélica Maria Penteado Dias, professora de zoologia da UFSCar e uma das autoras do estudo.
As espécies descobertas chegam a ter de 1,5 a 2 centímetros de tamanho de corpo, além de uma "cauda" usada para depositar ovos (chamada de ovipositor) com mais 2 centímetros, no caso das fêmeas.
Este tipo de vespa não possui ferrão, diz a investigadora. De forma geral, as "caudas" das parasitóides são usadas para alcançar ovos ou larvas de outros insetos ou aranhas dentro de troncos caídos e depositar neles os próprios ovos das vespas.
As "caudas" são modificadas como lâminas e podem ser usadas para injetar veneno produzido por uma glândula especial, de acordo com Angélica.
Após saírem dos ovos, as larvas das vespas devoram os hospedeiros, segundo a pesquisa. Os ovos das espécies descobertas são alongados, o que facilita sua colocação.
Cada vespa costuma depositar apenas um ovo por hospedeiro, diz a professora. Ela ressalta que a cor destes insetos costuma ser amarela ou castanho-avermelhada.
Primeira vez
As vespas da subfamília Pimplinae são comuns em áreas de mata. É a primeira vez que estes animais são encontrados em vegetação de cerrado, diz Angélica.
Questionada de as espécies podem estar ameaçadas, a professora ressaltou que as vespas do género Dolichomitus "não estão entre as mais comumentes encontradas", mas que é preciso pesquisar mais para saber se as espécies identificadas são raras ou não.
Fêmea da 'Dolichomitus moacyri'; no detalhe, imagem da cabeça da vespa (Foto: Reprodução/ "Zookeys"/UFSCar)
O estudo foi publicado no periódico científico "ZooKeys", na última sexta-feira (14). Angélica diz que, como a biologia das espécies do género Dolichomitus ainda precisa ser pesquisada, não é possível dizer quais animais são seus hospedeiros - podem ser larvas de besouros ou de aranhas, por exemplo. "Talvez sejam ectoparasitóides, se desenvolvendo sobre a parte de fora do hospedeiro", disse.
Há vespas que chegam a parasitar insetos adultos, diz a professora, enfatizando que cada parasitóide tem um hospedeiro específico.
"Não é qualquer hospedeiro, tudo é biologicamente correto", diz ela. O estudo é resultado da tese de doutorado de outra co-autora, Ana Paula da Silva Loffredo, também cientista da UFSCar.
Uma das espécies, a Dolichomitus jatai, foi baptizada em homenagem à Estação Ecológica de Jataí, no município de Luiz António, entre Ribeirão Preto e São Carlos.
Já a outra recebeu o nome de Dolichomitus moacyri em homenagem ao dono da área em que a outra vespa foi encontrada, em Poços de Caldas, ressalta a professora.
fonte: G1
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