Os microrganismos cooperam para melhor explorarem os recursos
Um estudo realizado com bactérias oceânicas mostrou que em termos de organização social, as bactérias não são, afinal, muito diferentes dos animais ou das plantas. Em situações de combate a populações rivais, elas também são capazes de se organizar em grupos que cooperam para derrotar o adversário.
Otto Cordero, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, em Cambridge, liderou o estudo que é publicado esta quinta-feira na revista Science e que avaliou várias populações da bactéria oceânica da família Viobrionaceae (que também inclui espécies associadas à cólera). A análise ao “comportamento” destas bactérias, feita através de estudos genéticos e outros, permitiu observar que em cada um dos vários grupos havia um reduzido número de bactérias que produzia antibióticos e que todos os restantes elementos eram resistentes aos antibióticos produzidos na sua população. Assim, os antibióticos parecem funcionar como uma espécie de “arma” do grupo - e que é usada para o bem comum de toda a população nos momentos de combate com rivais – e não como um factor que beneficia apenas os elementos capazes de o produzir. Ou seja, a organização social existe aqui.
“Os indivíduos que produzem o antibiótico são geneticamente diferentes dos outros e se um individuo não tem o gene, não pode produzir o antibiótico” explicou ao PÚBLICO, Helene Morlon, do Instituto Politécnico de Paris, e autora de um comentário do artigo. O antibiótico produzido tem um efeito negativo nos elementos das outras populações, mas não tem efeitos sobre os elementos da população onde ele foi produzido”, esclareceu ainda.
A ideia de que os microrganismos podem ter comportamentos sociais não é nova. Eles cooperam para melhor explorar os recursos ou para, por exemplo, resistirem a ambientes stressantes. O que este estudo revela é que a cooperação entre indivíduos de uma população também existe quando se trata de competições mediadas por antibióticos. “A estrutura das populações de bactérias é muito mais forte do que se poderia pensar” conclui o artigo científico.
fonte: Público
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