quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Desenterrada floresta com 300 milhões de anos







Floresta do começo do Pérmico. A floresta situada na Mongólia ficou preservada devido a cinzas vulcânicas.

Uma floresta com 300 milhões de anos, que se manteve conservada debaixo de cinza vulcânica, foi agora desenterrada no norte da China. Com uma extensão invulgarmente grande, este sítio fóssil permitiu a reconstrução da composição botânica e da estrutura de uma floresta do Pérmico.

A floresta estava num terreno pantanoso, semelhante a uma turfeira actual, e era composta por plantas de grandes dimensões e fetos arbóreos. A vegetação era muito pouco semelhante à actual. Naquela altura, as coníferas actuais e as plantas com flor ainda não existiam. O estudo, realizado por investigadores chineses e norte-americanos, está publicado na «PNAS».

O sítio foi descoberto durante a extracção de mineral numa mina no interior da Mongólia. A utilização de maquinaria pesada permitiu aceder a grandes extensões da camada interior do terreno. Foi assim realizado um estudo muito maior do que os paleontógos têm, normalmente, oportunidade de fazer. Foram analisados 1000 metros quadrados de floresta fóssil.

Os investigadores acederam a três manchas de estrato próximas entre si. A floresta estava enterrada em cinza e separada dos estratos superiores por uma camada de tufo vulcânico. Os cientistas dataram a floresta com a idade de 298 milhões de anos, o começo do Pérmico, quando os continentes tinham distribuições muito diferentes das de hoje: Europa e América estavam unidas e a China era um continente à parte. Curiosamente, o clima era semelhante ao de hoje.

Os investigadores encontraram folhas, ramos e troncos. O norte-americano que participou no trabalho, Hermann Pfefferkorn, da Universidade da Pennsylvania, afirma que estava tudo "maravilhosamente preservado. Foi possível encontrar ramos com todas as folhas, depois o ramo seguinte e outro, até chegar ao tronco principal da árvore".

Os cientistas puderam também utilizar a sítio onde se encontrava cada uma das plantas para entender como se distribuia a floresta. Identificaram cada espécie e localizaram-na no mapa, reconstruindo assim a estrutura e a ecologia da formação vegetal daquela época.

Os autores acreditam que estas condições excepcionais de conservação se devem a uma erupção vulcânica que cobriu a floresta com grandes quantidades de cinza em apenas uns dias.

Foram identificados seis grupos de plantas. Os fetos erbáceos formavam o estrato mais baixo e o mais alto era formado por espécies do grupo Cordaites – conífera primitiva – e do grupo Sigillaria, um tipo de plantas relacionada com os actuais musgos e produtora de esporas, que alcançavam o tamanho arbóreo. As copas mais altas podiam atingir os 25 metros.


Os paleontólogos também desenterraram exemplares quase completos de três espécies do grupo Noeggerathiales, tipo de árvores produtoras de esporas que não deixaram descendentes.


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