Nas ribeiras de Oeiras instalou-se uma praga de rãs-de-unhas africana, uma espécie muito perigosa para os outros anfíbios, que está a preocupar as autoridades.
O problema começou em 2006 na ribeira da Laje, tem vindo a agravar-se e só agora o Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) parece estar a conseguir controlar a situação. «Na ribeira da Laje, temos indícios claros de que há menos animais», adianta ao SOL Rui Rebelo investigador do Centro de Biologia Ambiental (CBA) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), referindo-se ao relatório de 2011, que indica um claro declínio do anfíbio africano naquele curso de água.
Já na ribeira de Barcarena, também em Oeiras, onde esta rã foi encontrada em 2008, «a campanha está mais atrasada», admite ainda o especialista, esclarecendo: «Ainda não conseguimos controlá-la», uma vez que a campanha de erradicação começou mais tarde.
Para combater esta praga, o ICNB criou em 2010, em parceria com a Câmara de Oeiras, o Instituto Gulbenkian de Ciência e a FCUL, um plano de erradicação. Nas ribeiras da Laje e de Barcarena, «desde o início da acção de controlo, foram capturados 241 espécimes de xenopus laevis, [rã-de-unhas africana] 139 dos quais durante a campanha de 2011», avançou ao SOL fonte oficial do ICNB.
Risco de descontrolo
Os peritos do CBA investigam agora se esta rã presente em Oeiras é ou não transportadora de um fungo, a que é imune, mas «que é mortal para as espécies europeias», explica Rui Rebelo. É que a rã-de-unhas africana «pode transportar o fungo na pele e transmiti-lo com facilidade aos outros anfíbios», refere ainda o perito. Além disso, se não for erradicada das ribeiras, esta espécie pode conseguir passar para outros cursos de água, «tornando-se incontrolável, como já aconteceu em França e Itália», alerta Rui Rebelo.
Os investigadores tentam ainda descobrir, através de análises genéticas, se esta rã encontrada em Oeiras é uma espécie laboratorial. Ter ‘escapado’ de um laboratório é uma das hipóteses apontadas para o aparecimento. A outra é o anfíbio ter chegado às ribeiras pela mão de alguém, «que a terá despejado do seu aquário quando cresceu». Isto porque esta rã é vendida em lojas como animal doméstico.
fonte: Sol
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