sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Sítio arqueológico com 13 mil anos revela princípios de diferenciação social


Características do sítio enquadram-sena cultura natufense


Um dos 80 almofarizes escavados nas rochas

Estação Qarassa 3, na Síria, mostra como terá começado a sedentarização humana.

Há 13 mil anos, as comunidades humanas que habitavam o sul do que é hoje a Síria começaram a mostrar diferenciação social, indica o estudo à estação arqueológica Qarassa 3, no qual participou o Conselho Superior de Investigações Científicas espanhol (CSIC).

O povoado completo encontrado perto da cidade de Sweida é composto por 12 cabanas, duas das quais mostram um nível de complexidade superior às restantes. Segundo Juan José Ibáñez, investigador do CSIC e da Instituição Milá e Fontanals, “esta característica poderá indicar uma diferença no papel social dos seus habitantes”, explica no comunicado de imprensa.

Das cabanas, conserva-se a base dos muros feitos de pedras basálticas. Graças a elas, sabe-se que as eram circulares e tinham entre quatro e cinco metros de diâmetro. A existência de buracos de poste sugere que a coberta e a parte de cima dos muros eram de matéria vegetal.

As duas casas com um maior nível de complexidade são as que se situam na zona mais meridional do povoado. Uma delas tem divisões internas e uma pequena plataforma interior elevada. A outra tem de uma fossa e e duas plataformas exteriores associadas à porta de entrada.

O responsável pela escavação, Xavier Terradas, acredita que “estruturação do espaço interior é uma descoberta-chave para história da arquitectura”.

As cabanas, com 12 e 16 metros quadrados de superfície, eram todas elas adjacentes entre si, mas não sobrepostas. Eram organizadas em forma de arco orientado para um antigo lago, o que demonstra que todas formavam parte de um mesmo povoado.

Início da sedentarização

As características deste sítio enquadram-se dentro da cultura natufense (entre 13 mil e 9 mil anos), típica da região. Esta cultura está associada ao princípio da sedentarização. Ibáñez afirma que “não se pode saber com segurança absoluta se o sítio era habitado todo o ano ou apenas durante alguns períodos, mas pressupõe já um grande nível de sedentarização”.

A sedentarização trouxe consigo a agricultura e a pecuária, tendo a caça e a recolecção ficado para segundo plano. Segundo o investigador “não se encontraram indícios de agricultura no povoado, mas existe uma maior exploração de grãos, que se comprova pelo aparecimento de 80 almofarizes escavados nas rochas”.Para perceber a importância da agricultura nesta comunidade, a equipa está a planear uma nova expedição. Os arqueólogos querem analisar os sedimentos do antigo lago, agora seco. O estudo pode revelar indícios de cultivo junto nas margens do lago. 


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