domingo, 15 de janeiro de 2012

Anfíbio registado por investigador do Inpa corre risco de ser extinto



Por ser encontrada dentro de floresta nativa às margens de pequenos igarapés, a espécie já corre risco de ser extinta na região, pois essas áreas sofrem constante desmatamento.

“O que vem acontecendo com os anfíbios é algo silencioso, mas já podemos sentir no dia a dia os efeitos da eliminação de algumas espécies”.

A afirmação é do investigador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazónia (Inpa/MCTI), Marcelo Morais, teme a extinção que junto a investigadores da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT) descobriu, em meados de 2010, uma nova espécie de perereca transparente, registada pela primeira vez no Brasil.

Essa espécie de anfíbio, catalogada como Hyalinobatrachium crurifasciatum foi encontrada numa das visitas de campo dos investigadores em Cotriguaçu, ao norte do Estado de Mato Grosso (MT).

No entanto, por ser encontrada dentro de floresta nativa às margens de pequenos igarapés, a espécie já corre risco de ser extinta na região, pois essas áreas sofrem constante desmatamento, como grande parte do Estado.

Segundo Morais, motivos como este, contribuem para que a espécie fique cada vez mais vulnerável.

“Quando desmatam áreas onde tem águas, como córregos, lagoas e igarapés, os anfíbios não têm de onde tirar água para sua sobrevivência, já que a maioria das espécies de sapos, rãs e pererecas dependem da água para a sua reprodução”, afirma.

Outro fator preponderante ao desaparecimento de várias espécies, é o aquecimento global. O famoso efeito estufa atinge diretamente os anfíbios.

“Precisamos fazer algo urgente para frear o desmatamento, para que mais espécies não desapareçam, pois a mudança do clima, não só afeta os anfíbios, mas acaba afetando todas as espécies, incluindo nós mesmos”, alerta mais uma vez o pesquisador.

Educação Ambiental

Várias ações degradam o meio ambiente a longo prazo e, muitas vezes, pode ter efeito irreversível. Mas também há o preconceito do dia a dia de muitas pessoas ao se depararem com algumas espécies de anfíbio.

O investigador alerta que, apesar de algumas pessoas acharem os sapos nojentos, eles são ótimos bioindicadores de poluição e controladores de pragas.

“Os anfíbios só vivem e se reproduzem em ambientes que tenha uma boa qualidade de água. E no seu dia a dia, eles comem grandes quantidades de insectos, como, por exemplo, o sapo cururu (Rhinella marina), que pode comer por dia cerca de 1.000 insectos. Dessa forma, eles mantêm o equilíbrio ecológico, controlando as pragas”, explica.

Para conter ações como essas, que podem levar várias espécies de anfíbios à extinção, Morais realiza Educação Ambiental em vários locais de Manaus.

Proferindo palestras em workshops e seminários, o investigador fala sobre a biologia desses animais tão fundamentais no equilíbrio da natureza, explicando, de maneira lúdica, os motivos da importância dos anfíbios, as diferenças entre sapos, rãs e pererecas e o fundamental papel da água na reprodução deles.

Sapo Cururu 

Morais alerta também para o desaparecimento de espécies de anfíbios que vivem em áreas urbanas. Uma delas, quase já não é vista com frequência nas cidades, pelos efeitos das más acções humanas, o Rhinella marina, mais conhecido como sapo cururu.

“O cururu, daqui uns anos, pode vir a desaparecer de algumas áreas urbanas de Manaus, por falta da conscientização das pessoas, se as pessoas não mudarem de atitude vão contribuir diretamente para isso.

Quando virem um sapo na rua, ou em qualquer lugar, o deixe em paz. Afinal eles ajudam a equilibrar nosso ambiente urbano e rural, eliminando vários tipos de pragas”, orienta o ecólogo.

Portanto, o raciocínio é fácil e claro: sem os anfíbios para ajudar a equilibrar a natureza, a quantidade de insectos irá aumentar significativamente, tornando-se pragas para as cidades e afetando muitas agriculturas.

“Já estamos sentindo esses efeitos hoje. A quantidade de pragas só tem aumentado, é alarmante e tem deixado as autoridades bastante preocupadas, pois como eleva o número de pragas, os agricultores usam cada vez mais agrotóxicos, causando várias doenças a nós mesmos. É um efeito cascata”, expõe Morais.

Fonte: D24am

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