quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Cientistas descobrem 50 espécies novas por dia


Insectos são o grupo de seres vivos com mais espécies novas todos os anos 

Cerca de 50 novas espécies de animais, plantas e outros seres vivos são descobertas, em média, todos os dias. E a maioria são insectos e aracnídeos, segundo um relatório de uma instituição científica norte-americana. 

Em dez anos (2000-2009), foram descritas 176.311 espécies novas para a ciência, segundo uma contabilidade feita pelo Instituto Internacional para a Exploração de Espécies, da Universidade do Arizona. Metade (88.598) era de insectos. A seguir vêm as plantas (13% ou 23.604 espécies) e aracnídeos (7% ou 12.751 espécies), como aranhas e escorpiões.

Na contagem mais recente, que inclui as descobertas até 2009, há 1,9 milhões de espécies já descritas pela ciência. Mas o número real da biodiversidade do planeta é muito maior. “Uma estimativa razoável é a de que dez milhões de espécies de plantas e animais aguardam ser descobertas”, calcula o relatório SOS-State of Observed Species. No campo dos micróbios, a cifra sobe possivelmente para “dezenas de milhões”.

Serem “descobertas” não é o mesmo que dizer que as novas espécies nunca tinham sido antes vistas. Muitas serão conhecidas e até utilizadas por populações locais, mas nunca terão sido identificadas e nomeadas como seres de facto diferentes dos que já existem, de acordo com a notação criada no século XVIII pelo botânico e zoólogo sueco Carlos Lineu. Ou então eram sub-espécies que, a dada altura, passaram a ser consideradas espécies distintas.

Segundo Helena Freitas, directora do Jardim Botânico da Universidade de Coimbra, é este o caso de algumas “novas” plantas. Espécies vegetais de facto desconhecidas são encontradas sobretudo em ecossistemas particulares, pouco estudados, como em zonas tropicais ou em montanhas altas.

Ainda assim, em 2009 – data da compilação mais recente das descobertas a nível global – foram identificadas 2184 espécies novas de plantas vasculares.

O número é bem menor do que o do líder da lista, os insectos, com 9738 novas espécies nesse ano. “São o grupo mais diverso de animais”, justifica a bióloga Sofia Reboleira, da Universidade de Aveiro, que já descobriu cinco novas espécies de insectos e uma de aracnídeo em Portugal. O trabalho de Sofia Reboleira – realizado em grutas – confirma que é nos habitats menos estudados e mais particulares que há maior probabilidade de se encontrarem novidades.

Mesmo em zonas mais banais, é possível haver surpresas. “Há pouco tempo foram encontradas duas espécies novas de aranhas no Jardim Botânico”, conta Helena Freitas.

Em 2009, os invertebrados representaram 72% das novas descobertas a nível global. No outro extremo, depois das plantas, fungos e micróbios, estão os vertebrados, com apenas 3,3%. Das 639 novas espécies descobertas nesse ano, metade (314) são peixes e cerca de um quarto (148) são anfíbios – quase todos sapos ou rãs. 

Há ainda 120 novos répteis, como cobras, lagartos, iguanas, camaleões e tartarugas, e apenas 41 mamíferos, na maioria morcegos e roedores. As aves ficam por último, com apenas sete espécies novas em 2009.

O interesse dos cientistas não se fica pelos animais e plantas vivos. Pelo menos 1905 novas espécies fósseis – já extintas há um longo tempo – foram descritas em 2009.

As que existem hoje correm o risco de rapidamente se juntar a esse grupo. Segundo a União Internacional para a Conservação da Natureza, apenas 4% das espécies descritas pela ciência estão ser alvo de alguma monitorização. E, dessas, três em cada dez estão ameaçadas de extinção. 

fonte: Público

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