sábado, 28 de janeiro de 2012

E se existissem outras espécies tecnologicamente avançadas?


Pense nisso: e se os Neandertais, que deixaram de existir apenas 28 mil anos atrás, não tivessem sido extintos e vivessem nessa mesma Terra?

Ou se, durante todos estes milénios que os humanos têm evoluído, uma criatura sem relação conosco tivesse evoluído mais, cognitiva e tecnologicamente?

Confira ainda outro cenário: o que aconteceria se os seres humanos se dividissem em duas espécies distintas – os gangsters originais (nós), e um outro ramo de sucesso evolutivo?

Essas são todas histórias perfeitamente possíveis que teriam resultado em duas espécies avançadas de terráqueos convivendo lado a lado hoje.

Nada disso aconteceu, mas poderia ter acontecido. E se tivesse acontecido? Iríamos dividir o pão com os nossos coabitantes da Terra, ou travaríamos uma batalha por ele?

“Neste mundo hipotético, haveria três possíveis relações entre os humanos e os ‘outros’”, disse William Harcourt-Smith, um paleontólogo do Museu Americano de História Natural.

O mais provável é que a competição por recursos iria levar a lutas constantes. “Dado o conhecimento de como os humanos se comportam dentro de suas espécies – infindáveis conflitos intertribais e guerras que, infelizmente, se arrastam há muitos milhares de anos – acho que sempre que os recursos se tornassem um problema, ou ideologias concorrentes se tornassem um problema, haveria um conflito”, explicou Harcourt-Smith.

Se uma das espécies fosse um pouco mais inteligente, mais forte ou desenvolvesse uma tecnologia melhor, a primeira acabaria por dizimar a última, uma reminiscência de seres humanos contra Neandertais.

Outra opção é, depois de dezenas de milhares de anos de confrontos entre seres humanos e “outros”, ninguém sai por cima, e as duas espécies caem gradualmente em direção ao equilíbrio, seja por preenchimento de regiões geograficamente separadas do globo, ou adaptando-se para precisarem de diferentes recursos.

Os outros podem desenvolver um apetite somente por peixes, por exemplo, enquanto seres humanos poderiam se especializar na criação de animais.

Em qualquer dos casos – se vivêssemos em diferentes regiões ou utilizássemos diferentes recursos – humanos e outros teriam desenvolvido sistemas culturais ensinados a evitar um ao outro.

Isso é o que outras espécies fazem sob as mesmas circunstâncias. “Se não há competição, as espécies simplesmente ignoram uma a outra”, disse ele. “Dois macacos que vivem na mesma árvore, por exemplo, se não estiverem indo atrás dos mesmos recursos, não interagem”.

E como esses “outros” seriam?

Como qualquer coisa, afinal, outra espécie poderia ter evoluído dos macacos, elefantes, golfinhos e outras criaturas, mas Harcourt-Smith acredita que há três características que os “outros” definitivamente precisariam a fim de ser tecnologicamente avançados.

“Primeiro, você precisa de habilidades cognitivas que lhe permitam construir coisas. Você deve ter planeamento e ser capaz de pensar fora do espaço e tempo num sentido abstrato, a fim de criar esse objeto”, disse.

Em segundo lugar, eles precisariam de uma forma de manipular objetos, com grande força e com grande fineza.

Nós administramos tudo com as mãos – estruturas surpreendentes que podem segurar objetos, executar tarefas que exigem grande delicadeza e destreza, etc. “Imagine que, em outra criatura, seus pés poderiam desenvolver essas habilidades incríveis, ou as suas línguas”, conta.

Por último, a transmissão cultural é essencial. É extraordinariamente raro encontrar um único ser humano que sabe como construir um computador a partir do zero, por exemplo.

Ao invés de reinventar a roda, os seres humanos passam conhecimento de uma geração para a seguinte. Temos também especialização do trabalho nas nossas sociedades, para fazê-lo funcionar mais eficientemente.

Para uma sociedade não humana alcançar progresso tecnológico similar, eles também necessitam de alguma forma sofisticada de comunicação.

Há mais um cenário que deve ser considerado: um outro grupo de terráqueos altamente inteligente pode um dia surgir?

De acordo com Harcourt-Smith, a longo prazo (milhões ou biliões de anos), não se pode fazer apostas. “Nós não sabemos como será o futuro – como outras espécies de mamíferos podem evoluir”, disse ele.

Para que isso aconteça, algum evento cataclísmico teria de fazer com que a população humana decaísse ou desaparecesse, a fim de limpar o caminho para um concorrente.

Alternativamente, um grupo de humanos pioneiros poderia aventurar-se no espaço e se estabelecer em outro lugar. O novo ambiente faria com que eles se submetessem a uma evolução rápida e, em seguida, cerca de 100.000 anos depois, eles teriam se tornado uma espécie distinta, que ainda poderia interagir com os humanos da Terra.

“A outra possibilidade é através das nossas próprias mãos: engenharia genética. Sabe-se lá o que é possível com isso, mas certamente é possível”, diz.

fonte: HypeScience

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