quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Combustão humana espontânea é um fenómeno real?


Será que as pessoas podem de repente e inexplicavelmente explodir numa bola de fogo – fenómeno conhecido como combustão espontânea? Isso parece coisa de filme de terror, mas algumas pessoas acreditam que isso realmente pode acontecer.

O juiz irlandês Ciaran McLoughlin acredita nisso – foi essa a conclusão que ele chegou sobre a morte de Michael Faherty, um irlandês de 76 anos de idade que queimou até a morte em sua casa, em dezembro de 2010. Havia marcas de queimaduras acima e abaixo de seu corpo, mas nenhuma evidência de gasolina, querosene ou outros produtos do género.

“Este fogo foi exaustivamente investigado e eu cheguei à conclusão de que isso se encaixa na categoria de combustão humana espontânea, que ainda não tem explicação adequada”, relatou McLoughlin.

Os incêndios não começam por conta própria. Quando investigadores estão procurando a causa dos incêndios florestais não acham que a chama acendeu-se do nada, mas sim que ela foi provavelmente causada por uma pessoa descuidada ou por um relâmpago. Embora seja raro, são conhecidas ocorrências de combustão espontânea. Sob as circunstâncias corretas, muitas coisas podem se auto-inflamar num dia quente, incluindo trapos usados contendo óleo ou gasolina. Poeira de carvão também pode se inflamar espontaneamente – um dos muitos perigos que os mineiros enfrentam.

Mas a alegação de que as pessoas podem explodir em chamas de repente, sem motivo aparente, é uma questão totalmente diferente. O caso mais conhecido de combustão humana espontânea (CHE) é realmente de ficção: em 1853, um personagem do romance “Casa Abandonada”, de Charles Dicken, pega fogo. O fenómeno também apareceu em filmes e em programas de TV como “The X-Files”. Mas há alguma confirmação de um caso assim na vida real?

É aí que as coisas ficam complicadas. Embora alguns especialistas sugiram que existem centenas (ou milhares) de casos de CHE ao longo da história, apenas cerca de meia dúzia foram investigados em detalhes. O investigador Joe Nickell examinou vários desses casos “inexplicáveis” em seu livro “Real Life-X-Files” e descobriu que todos eles eram muito menos misteriosos do que o que é sugerido. A maioria das vítimas era, como o irlândes Faherty, idosas, moravam sozinhas e tinham objetos inflamáveis por perto (cigarros, velas, etc) quando morreram. Várias foram vistas pela última vez consumindo álcool ou fumando.

Se a pessoa está dormindo, embriagada, inconsciente, muito fraca, ou incapaz de se mover e apagar as chamas, as suas roupas podem agir como um pavio, e a gordura do corpo – inflamável e muito perto da superfície da pele – alimenta o fogo.

Os incêndios são notoriamente instáveis, às vezes as chamas se espalham para outros lugares, outras vezes não. Às vezes, incêndios consumem todo o corpo, outras vezes não. Tudo depende das circunstâncias específicas de cada caso.

Nickell também atira um balde de água fria na ideia de que corpos só podem ser consumidos pelo fogo em temperaturas muito mais altas do que as chamas comuns poderiam oferecer. Ele afirma que experiências mostram que a gordura humana pode chegar a uma temperatura de cerca de 250 graus Celsius quando queimada.

O caso de Michael Faherty pode não ser tão misterioso quanto parece. Afinal, havia uma lareira perto de seu corpo queimado. É provável que uma faísca ou brasa possa ter lançado fogo em suas roupas, deixando elas em chamas. Mas o facto ainda não está claro porque o juiz excluiu a possibilidade da explicação ter vindo de fora.

Se a CHE é um fenómeno real – e não o resultado de uma pessoa idosa ou doente perto de uma fonte de chamas – por que não acontece com mais frequência? Há 7 biliões de pessoas no mundo, e ainda não conhecemos relatos de pessoas que explodiram em chamas enquanto caminhavam pela rua, assistiam jogos de futebol ou bebiam um café numa cafeteria.

Se a combustão humana é um fenómeno raro e real, estatisticamente devíamos ver muito mais casos disso. Quando acontece um suposto caso de CHE, ainda é necessário um conjunto muito específico de circunstâncias – que geralmente sugerem uma explicação mais lógica. 

fonte: HypeScience

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