sábado, 5 de março de 2011

Peixe, marisco e gansos eram o menu nas ilhas Channel, Califórnia, há 12000 anos




Os materiais são feitos de sílex

Esqueçam os bisontes e as planícies norte-americanas dos índios. As pessoas que viviam há 12000 anos nas ilhas Channel, perto da cidade de Santa Bárbara, na costa da Califórnia, alimentavam-se da fauna marítima e das aves que pousavam ali. Uma equipa de arqueólogos encontrou três locais com restos da fauna e com pontas de sílex utilizadas para caçar na terra e no mar. O fabrico não é conhecido na famosa cultura Clóvis, que se pensa ser responsável pela invasão humana do continente Americano. O estudo foi publicado na edição da revista Science.

Há 12000 anos as Channel era diferente. O grupo de quatro ilhas do Norte do arquipélago, a algumas dezenas de quilómetros da costa da Califórnia, fazia um único pedaço de terra mais largo. O nível médio do mar era entre 50 e 60 metros mais baixo devido aos glaciares da última glaciação ainda não terem descongelado. As pequenas aldeias junto da costa alimentavam-se de gansos, corvos, albatrozes, mamíferos marinhos, peixes, mexilhões, caracóis marinhos e gastrópodes.

Mas a população viajava até ao interior da ilha onde obtinha água doce, abrigo e rochas utilizadas na construção de lâminas de caça. Foi provavelmente por isso que a equipa de Jon Erlandson, arqueólogo e director do Museu de História Natural e Cultural da Universidade de Oregon, encontrou três locais com ossos, conchas e pequenas pontas líticas feitas de sílex com formas diferentes.

A descoberta “está entre as mais antigas provas de navegação e de adaptação marítima nas Américas, e representa outra extensão da diversidade de economias na Paleoamérica”, disse em comunicado Erlandson. “As pontas que estamos a encontrar são extraordinárias, o trabalho de artesão é incrível. São ultra-finas, serradas. É uma tecnologia de pedra lascada muito sofisticada”, acrescentou.

Um dos locais foi encontrado na costa da ilha de Santa Rosa, os outros dois locais na costa da ilha de São Miguel. Na altura, os sítios estavam afastados da costa da grande ilha a vários quilómetros. Os ossos e objectos encontrados têm uma datação entre cerca de 12200 e 11200 anos.

Já se tinham encontrado vestígios arqueológicos nas ilhas, mas eram mais recentes e mostram um contexto diferente. “O que é interessante é que isto está a acontecer há 12000 anos, e quando olhamos para o que se passa mais tarde, há cerca de 10000 anos, a população alimenta-se quase só de marisco”, e com uma tecnologia muito menos distinta, disse ao podcast da Science Torben Rick, autor do estudo, do Instituto Smithsonian.

Segundo os autores, as pontas de sílex tinham formas diferentes e serviam para caçar aves e animais marinhos. Os cientistas pensam que as espécies marinhas encontradas estavam associadas às grandes florestas marítimas das algas laminárias.

Os arqueólogos não encontram ligação entre esta tecnologia e as pontas de sílex da cultura Clóvis, que se pensa ter colonizado a América há mais de 13000 anos, vindos do Alasca, pelo interior do continente. Encontram mais parecenças com material mais antigo do Sudeste asiático e da América do Sul. O que apoia outra teoria da colonização da América, proposta por Erlandson, que diz que esta aconteceu há mais de 14000 anos, por grupos vindos pela costa.

fonte: Público

Sem comentários:

Enviar um comentário