domingo, 20 de março de 2011

LHC pode tornar-se a primeira máquina do tempo do mundo


O Grande Colisor de Hadrões (LHC) é a maior experiência científica da história

O LHC (Large Hadron Collider), além de ser a maior experiência científica do mundo, pode tornar-se também a primeira máquina capaz de fazer a matéria viajar no tempo.

Isto se Tom Weiler e Chui Man Ho estiverem corretos.

Os dois físicos da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, acabam de propor a ideia num artigo ainda não aceito para publicação, enviado para o repositório arXiv.

"Nossa teoria é um tiro de longa distância," admite Weiler. "Mas ela não viola nenhuma lei da física e nem qualquer restrição experimental.

Partículas de Higgs

Um dos maiores objetivos do LHC é encontrar o bison de Higgs, uma partícula hipotética da qual os físicos lançam mão para explicar porque partículas como os protões, neutrões e electrões possuem massa.

Se o Grande Colisor de Hadrões realmente conseguir produzir essa que é chamada a "partícula de Deus", alguns físicos acreditam que ele irá criar também uma segunda partícula, o singleto de Higgs.

Segundo a proposta de Weiler e Ho, esses singletos teriam a capacidade de saltar para uma quinta dimensão, onde eles poderiam mover-se para frente e para trás no tempo, retornando depois para nossa dimensão, mas reaparecendo no futuro ou no passado.

Comunicação com o passado e com o futuro

"Uma das coisas mais atrativas dessa abordagem da viagem no tempo é que ela evita todos os grandes paradoxos," diz Weiler.

Na verdade, a abordagem evita os passageiros mais problemáticos na viagem. Como somente partículas com características tão especiais poderiam viajar no tempo, ninguém poderia retornar ao passado e matar algum antecessor, eliminando a possibilidade da própria existência.

"Entretanto, se os cientistas puderem controlar a produção dos singletos de Higgs, eles poderão enviar mensagens para o passado ou para o futuro," propõe Weiler.


Ilustração da teoria dos singletos viajantes no tempo. Quando dois protões colidem no LHC, a explosão pode criar um tipo especial de partícula, chamado singleto de Higgs, que seria capaz de viajar no tempo apanhado atalhos em outras dimensões

Testar a teoria, segundo os físicos, será fácil, bastará observar se o LHC produz os singletos de Higgs e se os produtos do seu decaimento começam a surgir espontaneamente.

Neste caso, garantem eles, isso indicará que esses produtos estão a ser gerados por partículas que viajaram de volta no tempo para reaparecer antes da ocorrência das colisões que as originaram.

Teoria-M

A proposta é baseada na Teoria-M, que tem a pretensão de ser uma "teoria de tudo".

A Teoria-M requer a existência de 10 ou 11 dimensões, em vez das quatro que nos são familiares (as três espaciais mais o tempo). Isso levou à sugestão de que o nosso Universo pode ser uma membrana - ou "brana" - quadridimensional flutuando num espaço-tempo multidimensional, chamado de "O Todo" (Bulk).

Segundo essa "visão de mundo", os blocos fundamentais do nosso Universo estão permanentemente presos à sua brana, o que os impede de viajar para outras dimensões.

Mas pode haver excepções - a gravidade, por exemplo, seria uma força tão fraca porque ela se difunde por outras dimensões. Outra possível excepção seria o singleto de Higgs, que responde à gravidade, mas a nenhuma das outras forças básicas.


Chui Man Ho e Thomas Weiler, os proponentes de uma forma de viagem no tempo que poderia ser detectada pelo LHC

Neutrinos estéreis

Uma terceira possibilidade seria um ainda mais elusivo neutrino estéril, um parente mais raro dos quase indetectáveis "neutrinos normais".

Um neutrino normal interage tão pouco com a matéria que pode atravessar um cubo de um ano-luz de lado feito de chumbo sem se chocar com nenhum átomo.

Os neutrinos estéreis não se chocariam nunca com nada - eles também reagiriam apenas com a gravidade, o que os torna passageiros viáveis para a máquina do tempo de Weiler e Ho.

Uma experiência realizado no ano passado dá suporte à existência dos neutrinos estéreis.

Viajar mais rápido do que a luz

E a ideia vai além: se os neutrinos estéreis apanharem atalhos por outras dimensões, do ponto de vista da nossa dimensão eles poderiam viajar em velocidades mais altas do que a velocidade da luz.

De acordo com a Teoria da Relatividade Geral de Einstein, há certas condições nas quais viajar mais rápido do que a velocidade da luz é equivalente a viajar no tempo - foi aí, segundo os dois físicos, que eles entraram no especulativo campo das viagens no tempo.

Especulações que, por enquanto, estão rendendo bem no mundo da ficção científica. Os recentes Teoria Final, de Mark Alpert, e A Máquina do Tempo Acidental, de Joe Haldeman, amparam-se na ideia dos neutrinos viajantes no tempo.


Sem comentários:

Enviar um comentário