Quando chega a hora de deitar as suas duas filhas pequenas, geralmente a dona de casa Marina Chapman pega em ‘O Livro da Selva’ para as embalar ao som das aventuras do pequeno Mogli. Mas para este britânica, crescer na selva não é nenhum conto de fadas. Pelo contrário, a ficção é bem real - não tivesse ela própria passado por essa experiência quando tinha apenas cinco anos.
Aos 62 anos, Chapman decidiu partilhar a sua história com o livro ‘The Girl With No Name: The Incredible True Story of the Girl Raised by Monkeys’ (‘A Rapariga sem Nome: A Incrível História Verídica de uma Rapariga Criada por Macacos’, em tradução livre).
Criada por macacos
Quando tinha cerca de cinco anos, Marina Chapman alega que foi raptada, provavelmente com o intuito de ser pedido um resgate. Porém, algo deve ter corrido mal, e a criança britânica foi abandonada numa selva na Colômbia. Durante cinco anos, viveu rodeada por um grupo de macacos-prego, animais conhecidos por aceitarem com facilidade a presença de crianças.
Segundo Marina, os animais ensinaram-lhe a agarrar em pássaros e coelhos com as suas próprias mãos para se alimentar. Só assim conseguiu sobreviver. Aos dez anos, foi apanhada por um grupo de caçadores e vendida para um bordel, do qual acabou por conseguir escapar.
Em Junho de 2012, um grupo de trabalhadores russos descobriu uma criança que tinha sido presa num quarto pela sua mãe. Segundo os relatos, a criança dormia e brincava com as cabras, mas não conseguia encontrar alimento com facilidade – ele tinha menos de um terço do peso ideal para uma criança da sua idade.
Quando a criança foi resgatada, a mãe desapareceu. Os médicos tentaram inserir o rapaz novamente no mundo humano, mas tiveram alguma dificuldade. “Ele recusava-se a dormir no berço. Começou por tentar manter-se debaixo deste para dormir lá”, contou um dos médicos ao ‘The Week’. “Ele tinha muito medos dos adultos.
Criado por cães e gatos selvagens
Em 2009, um grupo de trabalhadores foi levado a um apartamento numa cidade siberiana onde encontraram uma menina de cinco anos. Embora tecnicamente a criança estivesse a viver com o pai e outros parentes, a menina, a quem deram o nome de Natasha, foi tratada como um dos muitos cães e gatos que partilhavam o espaço.
Com os seus companheiros peludos, a menina comia nas tigelas com os animais, não sabia uma única palavra e só comunicava por assobios e latidos. Natasha foi colocada num orfanato.
A polícia argentina descobriu um rapaz de um ano de idade abandonado com oito gatos selvagens em 2008. Os animais mantiveram a criança viva durante as noites geladas de Inverno, cobrindo-a com os seus próprios corpos. Os gatos tentavam ainda lamber os restos de lama do corpo do bebé numa tentativa de o limpar.
Um rapaz chileno de 10 anos foi encontrado em 2001 numa cave, onde viveu durante dois anos com vários cães selvagens. A criança já tinha sobrevivido a uma dura e instável infância, onde foi abandonado pelos seus pais e deixado à sua sorte. Sozinho, o menino encontrou refúgio junto dos animais, que o protegeram e ajudar a encontrar comida.
A polícia disse que o rapaz deve até ter chegado a beber o leite de uma das cadelas. “Eles eram a sua família”, terá dito um dos oficiais.
Criado por lobos
Provavelmente um dos casos mais bem documentados de sempre, Kamala e Amala, conhecidas pelas “crianças lobo”, foram descobertas em 1920 na selva de Godamuri, na Índia. Com três e oito anos, as crianças viviam com uma alcateia de lobos.
O homem que as encontrou, o Reverendo J.A.L. Singh, levou as crianças para um orfanato. Depois de muito esforços, as crianças conseguiram fazer alguns progressos para se integrarem novamente na sociedade humana. Porém, eventualmente acabaram por adoecer fatalmente, deixado o Reverendo a perguntar-se “se a coisa certa a fazer não teria sido deixá-las na selva onde as encontrei.”
fonte: Sábado
Sem comentários:
Enviar um comentário