segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Projecto inovador lançou balão de grande altitude nos céus do Alentejo


Objectivos do grupo foram cumpridos (Imagem: http://spacebits.eu). Num projecto inovador, quatro "obcecados por desafios" lançaram ontem nos céus do Alentejo um balão de grande altitude, que subiu 30 quilómetros até ao limite da estratosfera, captando medidas científicas e imagens, numa viagem transmitida na Internet.

Através do projecto Spacebits e após sete meses de trabalho, o balão foi lançado às 12h00, perto de Castro Verde, em Beja, por três colaboradores do portal Sapo e um professor universitário.

O balão meteorológico de látex, que foi enchido com cinco mil litros de hélio, subiu quase até à mesosfera, “onde já se vê a curvatura da terra, o azul do planeta e o preto do espaço", explicou à Lusa um dos membros da equipa, Celso Martinho.

Acoplada ao balão seguiu uma sonda com um computador de bordo com vários sensores, que recolheram medidas, como pressão atmosférica, qualidade do ar, temperatura, humidade e coordenadas geográficas, e duas câmaras, que captaram vídeos e fotografias.

Os resultados foram enviados para o site do projecto, onde os interessados puderam acompanhar toda a viagem, que durou três horas e meia. Quando atingiu os 30 quilómetros de altitude, o balão, tal como previsto e devido às diferenças de pressão, inchou e estoirou. Já a sonda, amparada por um pára-quedas, caiu na terra, numa zona da serra de Ourique, a 30 quilómetros do local do lançamento, onde foi recuperada.

Objectivos alcançados


Balão foi lançado perto de Castro Verde (Imagem: http://spacebits.eu)"A viagem foi um sucesso. Correu tudo bem. Todos os objectivos foram alcançados" e a sonda captou vídeos e imagens "fantásticos", que vão ser disponibilizados no site, disse Celso Martinho, director técnico do Sapo.

Inspirada por projectos recentes de balonismo amador, a equipa, através do Spacebits, quis "provar que quatro pessoas conseguiram lançar um balão de grande altitude com poucos recursos financeiros", explicou, acrescentando que, apesar de já há vários anos instituições científicas lançarem balões de grande altitude, só recentemente, graças ao advento de aparelhos electrónicos baratos, "tem sido possível a qualquer pessoa com conhecimentos científicos e poucos recursos construir e lançar um balão".

Nos últimos meses, vários balões pessoais de grande altitude foram lançados na Europa e Estados Unidos da América, mas o lançamento de ontem foi inovador na medida em que foi concebido por apenas quatro pessoas e com poucos recursos financeiros - menos de mil euros-, para além de ter possibilitado a sua visualização em tempo real na Internet.

"Isto nunca foi feito", realçou Celso Martinho, referindo que até o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, que acompanha estes projectos, "desejou boa sorte" aos membros da equipa, o que os deixou "cheios de orgulho".


Membros da equipa assumem ser «obcecados por desafios» (Imagem: http://spacebits.eu). A "principal motivação" da equipa foi "construir e lançar o balão para provar que podia fazê-lo", disse o membro da equipa, explicando que o projecto serviu de "teste" para "algo ainda mais inovador e único". Os promotores querem agora juntar equipas de escolas e instituições interessadas em ciência para "lançar vários balões em conjunto" com o objectivo de bater um recorde e entrar no Guiness.

Além de Celso Martinho, a equipa do Spacebits é constituída por Filipe Varela, Filipe Valpereiro e Fernando Afonso, que se conheceram e decidiram avançar com o projecto no Codebits 2009, uma iniciativa anual de programação informática criativa do Sapo.


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