A galáxia agora descoberta é o punhado de píxeis vermelhos (The Space Telescope Science Institute)
Nasceu quando o universo ainda era criança. A sua descoberta, por uma equipa internacional de astrónomos, é anunciada na edição de hoje da revista Nature. Chama-se MACS1149-JD1 e é galáxia mais remota - e portanto a mais velha - jamais observada. Tem mais de 13,2 mil milhões de anos.
O universo surgiu num Big Bang há uns 13,7 mil milhões de anos. Começou por ser uma expansão escura, sem estrelas, cheia de átomos de hidrogénio recém-nascidos. Mas sabe-se que, passados mil milhões de anos, já estava pejado de luminosas galáxias com milhões de estrelas.
Quando terão aparecido as primeiras estrelas - e as primeiras galáxias? Os resultados agora publicados por Wei Zheng, da Universidade Johns Hopkins (EUA), e colegas colocam essa mudança radical da paisagem cósmica numa altura em que o universo ainda não tinha 500 milhões de anos.
"Quase não tínhamos esperança de alguma vez recebermos um sinal de um objecto daquele período; mesmo se já existissem galáxias, a sua luminosidade seria muito mais fraca do que a de uma vela na Lua", diz o co-autor Matthias Bartelmann, da Universidade de Heidelberg (Alemanha), em comunicado.
A detecção foi possível graças aos efeitos conjugados de lentes que vêem o Cosmos no infravermelho, instalados a bordo de dois telescópios espaciais - o Hubble e o Spitzer, ambos da agencia espacial norte-americana NASA - e de uma lente, natural essa, dita "gravitacional". Um aglomerado de galáxias, situado entre MACS1149-JD1 e a Terra, que faz aumentar 15 vezes a luminosidade aparente da antiquíssima galáxia - o suficiente para a tornar visível. Desde 2010, a equipa olhou para 12 aglomerados de galáxias, à espera de que por trás deles se escondesse uma galáxia dos primórdios. A sua estratégia foi finalmente recompensada.
Os autores estimam que as primeiras estrelas de MACS1149-JD1 já tinham, à data em que conseguiram observar a galáxia, uns 200 milhões de anos. Num comentário que acompanha os resultados, Daniel Stark, da Universidade do Arizona, salienta que isso sugere que, só uns meros 300 a 500 milhões de anos após o Big Bang, a formação de estrelas "já estava a acontecer intensamente".
fonte: Público
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